terça-feira, 29 de julho de 2008

EUA: PRÓXIMO PRESIDENTE HERDARÁ UM PAÍS SOB ESCOMBROS

O governo dos Estados Unidos elevou sua previsão de déficit orçamentário para 2009 de US$ 407 bilhões para o valor recorde de US$ 482 bilhões no próximo ano fiscal (outubro de 2008/setembro de 2009). Correspondentes afirmam que a previsão apresenta um desafio para o próximo presidente americano, que deverá assumir o cargo em janeiro.
Segundo a Casa Branca, o aumento se deve em parte ao pacote de US$ 168 bilhões aprovado pelo presidente George W. Bush em fevereiro passado para estimular a economia do país.
É possível que o déficit para 2008 também supere o recorde de US$ 413 bilhões, registrado em 2004. Com o recorde previsto para 2009, o próximo presidente americano - escolhido possivelmente entre o democrata Barack Obama e o republicano John McCain - pode relutar em reduzir impostos ou aumentar gastos que podem elevar o déficite ainda mais.
Em uma reunião com assessores econômicos em Washington, Obama disse: "Não foi um acidente ou uma parte normal do ciclo econômico que levou a esta situação. Há algumas decisões irresponsáveis tomadas em Wall Street e em Washington", noticiou a agência de notícias Associated Press. McCain afirmou: "Como presidente, estarei comprometido em equilibrar o orçamento até o fim do meu primeiro mandato.""A notícia de hoje torna este trabalho mais difícil não não deve mudar nossa determinação em tomar decisões duras", disse McCain, segundo a Associated Press. Vem recessão brava por aí?
FONTE: www.bbcbrasil.com

sexta-feira, 25 de julho de 2008

EUA E A REVOLUÇÃO POLÍTICA DA DÉCADA: Barack Obama mostra que está preparado para a presidência

O candidato democrata - e o preferido, segundo às pesquisas - à presidência dos Estados Unidos da América, Barack Obama, desembarcou hoje, nesta sexta-feira, na belíssima cidade de Paris para reunir-se com o presidente da França, Nicolas Sarkozy. Obama está passando hoje algumas horas em Paris no intervalo entre suas visitas a Berlim e a Londres. Um dia antes, cerca de 200 mil pessoas assistiram, na capital alemã, a um discurso de Obama sobre as relações euro-americanas. O encontro de Obama com Sarkozy está marcado para o meio-dia (hora de Brasília) e a expectativa é de que eles concedam uma entrevista coletiva conjunta ao término da reunião. Sarkozy deixou uma reunião de cúpula no sudoeste da França apenas para receber Obama no Palácio do Eliseu em Paris. Sarkozy já havia se reunido antes no palácio com o candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, John McCain. Sarkozy e Obama já se conhecem. Os dois reuniram-se em Washington em 2006, numa visita de Sarkozy aos EUA meses antes de ser eleito presidente da França.

Obama e Sarkozy reiteram pedido por mais tropas no Afeganistão
O provável presidente democrata da Casa Branca, Barack Obama, participou, nesta sexta-feira, em Paris, de uma entrevista coletiva com o presidente francês, Nicolas Sarkozy na qual ambos reiteraram pedidos para que sejam ampliadas as forças militares para o combate ao terrorismo no Afeganistão. "Esta é uma guerra que precisamos ganhar", disse Obama, sobre os esforços de combate ao Taleban e à rede terrorista al Qaeda, no Afeganistão. Ele disse ainda que os EUA precisam enviar mais tropas ao país para "terminar o trabalho" que começaram após nos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Sarkozy pediu também por mais tropas no afeganistão, uma decisão que Obama elogiou como "corajosa". O presidente francês conversou a portas fechadas com o democrata antes da entrevista coletiva. Na Alemanha, de onde veio Obama após um elogiado discurso para cerca de 200 mil pessoas, a chanceler Angela Merkel deixou claro que se opõe a proposta de reforçar as tropas multinacionais da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no país. Em discurso aos berlinenses, Obama pediu maior aliança entre EUA e os parceiros da Otan para combater o terrorismo, um dos desafios globais do século 21. "Nenhuma nação é forte o bastante para combater o perigo do terrorismo", disse, ovacionado pelo público presente. "Os riscos estão além das fronteiras e somente uma aliança pode fazer frente aos desafios do século 21", completou. O combate no Afeganistão foi um dos temas centrais da viagem internacional de Obama pelo Oriente Médio e Europa. O democrata foi ao país em sua primeira parada e reiterou, após conversas com o presidente afegão e as tropas americanas no país, que será necessário um reforço nas tropas para combater o terrorismo.
Na entrevista em Paris, Obama falou também de outro dos "desafios do século 21", o polêmico programa nuclear iraniano. O senador por Illinois disse que o Irã deveria aceitar a proposta da União Européia de interromper o enriquecimento de urânio, que algumas nações associam à construção de armas nucleares enquanto o Irã defende que usa o programa apenas para produção de energia. Aos repórteres, Obama disse ainda que o país não deve esperar que o próximo presidente dos EUA que assumir reduza a pressão sobre seu programa nuclear. "Não esperem o próximo presidente porque a pressão, eu acredito, só vai aumentar", disse.
Obama disse ainda que tanto ele quanto Sarkozy concordam que a questão nuclear iraniana "é uma situação extremamente grave" e que o mundo "deve ensinar uma mensagem forte para pôr fim a seu programa nuclear ilícito".
Amigo
Sarkozy disse em entrevista ao jornal "Le Figaro", publicado nesta sexta-feira, que Obama é seu amigo. "Ao contrário de meus conselheiros da célula diplomática, nunca acreditei nas possibilidades de Hillary Clinton. Sempre achei que Obama seria designado", revela Sarkozy.
A visita do senador americano será rápida, já que Obama "reservou o jantar para o primeiro-ministro britânico Gordon Brown", aponta o "Le Figaro". "Sou o único francês que o conhece", disse ainda Sarkozy, que esteve com Barack Obama em 2006, no Congresso, em Washington, e diz ter "boas recordações" desse encontro.
Berlim
Obama chegou em Berlim na manhã desta quinta-feira e partiu direto do aeroporto para a chancelaria, onde teve uma reunião a portas fechadas com a chanceler Angela Merkel.
Um porta-voz da chanceler disse que os dois tiveram uma conversa "muito aberta" sobre uma grande variedade de assuntos. Segundo comunicado de Ulrich Wilhelm, os dois discutiram temas importantes de política externa, como a situação do programa nuclear do Irã, o Afeganistão, Paquistão e o processo de paz no Oriente Médio. As conversas entre Obama e Merkel, realizadas a portas fechadas na chancelaria, incluíram também uma parceria econômica e a "necessidade de cooperação no nível internacional e entre organizações internacionais para resolver importantes questões globais". Foi justamente esta necessidade de uma parceria entre os EUA e a Europa que Obama ressaltou em seu discurso público em frente à Coluna da Vitória, em Berlim.
Obama, que foi ovacionado várias vezes pelas dezenas de milhares de alemães presentes, afirmou que houve diferenças entre os EUA e a Europa e que haverá diferenças no futuro, "mas a colaboração e a parceria entre as nações é o único caminho para avançar nos propósitos comuns". "Agora é hora de construir pontes entre os países. Derrotar o terrorismo e nos juntar contra os muçulmanos que vivem pelo ódio em vez da esperança", disse Obama, em discurso, no parque Tiergarten. O democrata pediu que os países europeus trabalhem com os EUA no reforço do combate aos militantes terroristas da Al Qaeda e do Taleban no Afeganistão, um dos locais que visitou durante sua viagem internacional. Nesta manhã, diversos jornalistas esperavam em frente ao luxuoso e centenário hotel Adlon, localizado junto ao Portão de Brandeburgo, onde Obama está hospedado. A viagem internacional de Obama --a primeira como presidenciável-- inclui ainda uma passagem por Londres. Depois, ele deve retornar a Chicago, para descobrir se a viagem efetivamente ampliou suas credenciais em política externa e assuntos de segurança nacional.
fonte: http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/mundo

Barack Obama já se comporta como Presidente eleito dos EUA

Barack Obama fez uma viagem à Alemanha e uma de surpresa ao Afeganistão. Críticos o consideram um novato em política externa. Em seu site, o senador norte-americano apresenta suas posições sobre esse assunto. A DW-WORLD.DE resume:

Papel dos EUA no mundo
"Acho que os Estados Unidos são a última e a melhor esperança do mundo. Só temos que mostrar que esse é realmente o caso. O presidente [Bush] chefia a Casa Branca, mas a liderança mundial está vaga há seis anos. É hora de reocupá-la."Obama pretende se dedicar mais que o governo Bush às alianças internacionais e reduzir as manobras isoladas norte-americanas, sem – no entanto – excluir de todo esta alternativa. Ele anunciou que tentará restabelecer o contato direto com países como a Síria e o Irã, com os quais os EUA estão em conflito atualmente. Obama quer aumentar o número de representações americanas no exterior – sobretudo na África.

Política de defesa e guerra contra o terrorismo
"O primeiro passo deve ser recuar do campo de batalha errado, no Iraque, e assumir a luta contra os terroristas no Afeganistão e no Paquistão."Obama se posicionou explicitamente contra a guerra no Iraque e anunciou a retirada das tropas norte-americanas do país. Em compensação, ele quer aumentar o contingente de soldados no Afeganistão de 7 mil para 10 mil. A prioridade de Obama é o Afeganistão. Para McCain, por sua vez, o Iraque é prioridade. Obama quer exigir dos parceiros da Otan mais empenho em operações militares conjuntas, sobretudo no Afeganistão. Assim como McCain, Obama apóia a criação de um escudo antimísseis norte-americano. Ambos defendem uma reforma do sistema de licitação pública para a indústria bélica. Obama anuncia que sua meta é um mundo livre de armas nucleares. Quanto a isso, ele pretende negociar com a Rússia estratégias desarmamentistas.

Relações comerciais internacionais
"Nem todo acordo comercial é um bom negócio."
Quanto à economia mundial, as propostas de Obama são vagas. Ele é mais crítico que McCain no que diz respeito à liberalização das relações comerciais internacionais. Ele rejeita, entre outras coisas, um acordo de livre comércio com a Colômbia e a Coréia do Sul, mas favorece um acordo com o Peru. Para ele, qualquer acordo deveria respeitar, no entanto, os padrões trabalhistas e ambientais. Assim, Obama exige novas negociações com o México e o Canadá sobre o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta), a fim de incluir esses padrões. O candidato democrata elogia o modelo econômico liberal dentro dos EUA, mas quanto às relações comerciais internacionais, defende sobretudo a proteção dos empregos dentro do país. Se eleito presidente, ele será contra qualquer acordo que mine a segurança econômica dos EUA.

Clima
"A mudança do clima é um dos maiores desafios morais da nossa geração." Obama exige a fixação de um limite máximo de emissão de gases causadores do efeito estufa e o comércio de direitos de emissão nos Estados Unidos. Ele anuncia que pretende cooperar com as organizações de proteção ao clima da ONU, mas não se compromete a assinar o Protocolo de Kyoto ou qualquer acordo que o suceda. Sua proposta é convocar os países do G8, a China, a Índia, o Brasil, o México e a África do Sul a negociar conjuntamente questões globais de energia.
Imigração
"Temos que compreender que a imigração dentro dos moldes legais é uma fonte da energia deste país."Obama quer maior rigor contra empresários que empregam pessoas sem visto de permanência. Seu programa para trabalhadores estrangeiros prevê que imigrantes ilegais paguem uma multa, aprendam inglês e tenham direito de requerer regulamente a cidadania norte-americana. Sobretudo o México e os países latino-americanos estão pressionando os EUA a adotar uma política de imigração mais liberal.

Europa
"A fim de reforçar o papel de liderança dos EUA no mundo, quero reatar alianças e parcerias e reativar instituições necessárias para enfrentar as ameaças comuns e garantir maior segurança."
Obama pretende melhorar a imagem dos EUA na Europa. Ele quer "tratar os aliados com respeito e restabelecer a autoridade moral dos EUA", segundo consta de seu site. A União Européia é denominada a maior parceira dos EUA em comércio e investimentos. Obama apóia o processo de expansão da UE e a Turquia em sua meta de ingressar na comunidade.

Iraque
"Vou acabar com essa guerra."
Obama anunciou iniciar a retirada das tropas do Iraque dentro de 16 meses. Ele pretende transferir para o governo em Bagdá a responsabilidade pela segurança no país. As forças de segurança deverão continuar sendo treinadas e algumas tropas americanas permanecerão no Iraque, a fim de executarem operações específicas. Obama se diz contra a criação de bases militares permanentes no país do Golfo.
Afeganistão
"Se houver mais algum ataque contra o nosso país, provavelmente ele virá da mesma região onde se planejou o 11 de Setembro. Mesmo assim, temos cinco vezes mais soldados no Iraque do que no Afeganistão."Para Obama, o Afeganistão é a mais importante plataforma de combate ao terrorismo. Ele quer enviar mais tropas americanas à região, ao mesmo tempo em que critica o presidente afegão, Hamid Karzai, por não ter avançado o suficiente no preocesso de reconstrução do Estado de direito, da polícia e da administração do país.

Irã
"Recorrerei ao poder americano, a fim de exercer pressão sobre o regime iraniano – a começar, com diplomacia direta, íntegra e agressiva, com o respaldo de sanções rigorosas e sem condições prévias."Obama quer negociar diretamente com Teerã o programa nuclear iraniano. Caso o Irã mude sua política atômica, ele se propõe a pleitear o ingresso do país na Organização Mundial de Comércio e normalizar as relações diplomáticas entre Washington e Teerã. Caso contrário, a pressão econômica e política aumentará ainda mais. Obama declarou ser contra as ameaças de guerra do governo Bush.

Conflito no Oriente Médio
"Os empenhos pela paz começam com uma defesa clara e enérgica da segurança de Israel, nosso aliado mais próximo e a única democracia da região."Obama anunciou que pretende se esforçar por um acordo de paz entre israelenses e palestinos. Ao contrário de McCain, ele também visitou os territórios palestinos durante sua passagem por Israel, mas irritou os palestinos ao defender que uma Jerusalém não dividida se torne a capital israelense.

América Latina
"É hora de uma nova aliança entre as Américas. Após termos exigido reformas de cima para baixo durante décadas, precisamos de um plano para propiciar democracia e segurança a partir de baixo."Obama quer atenuar a política americana em relação a Cuba, mas ao mesmo tempo manter o embargo comercial. Cubanos exilados devem poder visitar suas famílias sem restrições e enviar dinheiro a Cuba. Obama defende uma "diplomacia bilateral, íntegra e agressiva". Caso o regime cubano dê sinais de abertura democrática, Obama se propõe a amenizar as sanções comerciais. A fim de combater a violência decorrente do tráfico de drogas e a criminalidade de gangues, Obama tem um plano de segurança que se estende da América Central até a América do Sul. Além disso, ele anunciou combater não apenas o fluxo de drogas nos Estados Unidos, mas também o tráfico de armas dos EUA para o México. Ao mesmo tempo, apóia o plano antidrogas para a Colômbia, que prevê uma ajuda financeira de bilhões de dólares aos militares do país. Os recursos deveriam fortalecer as instituições colombianas.

África
"A corrupção da qual ouvi falar, quando visitei certas partes da África, existe há décadas, mas o ímpeto de combater essa corrupção é uma força crescente e poderosa entre os africanos. Nas regiões onde grassam medo e miséria, temos que vincular nossa ajuda a um insistente apelo por reformas."Como senador, Obama viajou à África e visitou, entre outros países, o Quênia, onde seu pai nasceu. Na Comissão de Política Externa, ele defende uma solução para os conflitos em Darfur e no Congo. Obama também quer liberar mais recursos para o combate à propagação da aids, malária e tuberculose na África. Ele apóia as metas do milênio da ONU e já anunciou que pretende duplicar as verbas de ajuda ao desenvolvimento para 50 bilhões de dólares.

Ásia
"Um país economicamente forte e politicamente mais ativo como a China abre novas possibilidades na Ásia, mas também impõe novos desafios aos EUA e nossos aliados na região."
Obama se pronunciou bem pouco sobre a Ásia. Ele ressaltou a parceria com o Japão, a Coréia do Sul e a Austrália. Ele acha que a diplomacia deveria ir além de conversas e encontros bilaterais. A China deveria "se ater às regras internacionais".
fonte: http://www.dw-world.de/dw/article

sábado, 19 de julho de 2008

ADEUS, DERCY

Aos 101 anos, morre a atriz Dercy Gonçalves

A atriz e humorista Dercy Gonçalves morreu às 16h45 deste sábado aos 101 anos. A atriz estava internada desde o início da madrugada, no Rio de Janeiro, com problemas respiratórios e não resistiu às complicações de seu quadro. O velório acontece neste domingo, no Rio, e o sepultamento está marcado para segunda-feira. A atriz foi levada para o Hospital São Lucas, em Copacabana, bairro onde morava, durante a madrugada, e encaminhada ao Centro de Tratamento Intensivo (CTI). Segundo nota divulgada pelo hospital, Dercy chegou à unidade com sinas de "uma pneumonia comunitária grave", que, segundo os médicos, evoluiu rapidamente para um quadro de "sepse pulmonar e insuficiência respiratória".
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e o prefeito da capital fluminense, Cesar Maia, decretaram luto oficial no Estado e na cidade em homenagem à atriz. O velório será neste domingo na Assembléia Legislativa do Estado Rio de Janeiro (Alerj). O sepultamento está marcado para acontecer na segunda-feira em Santa Maria Madalena, cidade natal da humorista, no norte Fluminense.
Apesar de sua longevidade, Dercy pensava na morte. Ela comprou um túmulo no cemitério da cidade e decorou a lápide de acordo com seu gosto.A festa da padroeira de Santa Maria Madalena foi interrompida neste sábado com a morte de Dercy. A notícia foi anunciada no sistema de som e a festa foi suspensa. O prefeito da cidade, Clementino da Conceição, decretou luto oficial de sete dias."Lamentamos profundamente esta perda da atriz e da cidadã benemérita de Madalena", disse Neston Lopes, diretor do Museu Dercy Gonçalves, em Santa Maria Madalena. "A Dercy transgrediu a sua época garantido como razão de sua vida o seu querer, a sua vontade de ser o que foi. Se não tivesse fugido de Madalena, teria sido a Dolores para sempre, filha de um alfaiate e uma lavadeira", afirmou. No último dia 23 de junho, Dercy Gonçalves completou 101 anos de vida. Ela recebeu a visita do grande amigo Julinho do Carmo, ganhou uma torta para cantar 'parabéns' e uma surpresa especial de Silvio Santos: três perucas de fios egípcios, confeccionadas pelo próprio Julinho. “O Silvio é uma pessoa incrível, de uma sensibilidade fora do comum. Só quem me conhece realmente sabe o quanto sou vaidosa, amei o presente!”, disse. Dercy Gonçalves foi o nome artístico adotado por Dolores Gonçalves Costa, que nasceu em 23 de junho de 1907. Ela, um dos expoentes do teatro de improviso, iniciou a carreira em 1929, na cidade de Leopoldina, integrando o elenco da Companhia Maria Castro.
No ano seguinte, viajou pelo Brasil fazendo par com Eduardo Pascoal com o espetáculo Os Pascoalinos. A atriz participou do auge do Teatro de Revista Brasileiro, nos anos 30 e 40. As principais peças que fez na época foram: Rumo a Berlim, Passo de Ganso (1942), Rei Momo na Guerra (1943), Momo na Fila (1944), Canta Brasil (1945).
A partir da década de 60, Dercy inicia espetáculos no quais contava fatos autobiográficos de sua vida. Ela dialogava direto com o espectador, sem personagem, fazendo uma seqüencia de piadas e tiradas cômicas. Dercy também atuou em diversos filmes do gênero chanchada e comédias nacionais. Na televisão, chegou a ser a atriz mais bem paga da TV Excelsior no início da década de 60. De 1966 a 1969 apresentou, na TV Globo, o programa de auditório Dercy de Verdade, que saiu do ar com o início da censura no país. No final dos anos 80, passou a integrar corpos de jurados em programas populares, como os apresentados por Sílvio Santos. Ela participou, entre outras, das novelas Que Rei Sou Eu? (1989) e Deus nos Acuda (1992), da TV Globo. Em 1985, ela recebeu o Troféu Mambembe como melhor personagem de teatro. A categoria foi criada especialmente para ela que nunca havia conquistado nenhum prêmio por suas atuações. Dercy Gonçalves ficou famosa por seu bom humor, as entrevistas irreverentes que dava e o uso constante de palavrões de baixo calão. Sua biografia, intitulada Dercy de Cabo a Rabo, foi escrita por Maria Adelaide Amaral, em 1994.
Curiosidades sobre Dercy Gonçalves
Dolores Gonçalves Costa nasceu em 23 de junho de 1907 na pequena cidade de Santa Maria Madalena, a 219 km do Rio de Janeiro,de onde fugiu quando tinha 17 anos. Dercy fugiu escondida embaixo de um vagão de trem em 1924, rumo à cidade de Macaé, no Rio de Janeiro, pois queria se juntar à uma trupe de teatro mambembe que lá estava, a Companhia de Maria Castro.
Sua mãe foi embora de casa quando Dercy ainda era muito pequena. Margarida descobriu que seu marido, Manuel Castro, a traía e largou o homem infiel com os sete filhos.
Quando jovem, Dercy trabalhava como bilheteira no cinema de sua cidade, o Ideal, onde aprendeu assistindo aos filmes como se maquiar e atuar. Na noite em que perdeu a virgindade, Dercy contou que usava uma camisola feita de saco de arroz: "Tinha escrito no peito: Indústria Brasileira de Arroz Agulhinha, arroz de primeira". Enquanto excursionava com a trupe, Dercy contraiu tuberculose. Um exportador de café chamado Ademar Martins pagou todas as contas do sanatório para a internação da atriz, que não tinha dinheiro suficiente para custear o tratamento. Depois de curada, Ademar e Dercy tiveram um caso. Deste romance nasceu Decimar, única filha de Dercy. Ademar era casado. A atriz participou de 36 filmes em sua carreira.
Nos anos 60 apresentava o programa de televisão "Consultório Sentimental", na Rede Globo. Dercy possui um túmulo monumental de 120 metros quadrados de área e 3 metros de altura em formato de pirâmide e todo construído em cristal e mármore. O mausoléu precisou ser construído do lado de fora do cemitério de Madalena, pois não cabia do lado de dentro.
A atriz era assumidamente fã de bingos e dizia ganhar no jogo todos os dias. Em sua cidade natal foi construído um museu em sua homenagem. Museu Dercy Gonçalves abriga, entre outras coisas, a locomotiva usada por ela na fuga. Dercy Gonçales faleceu às 16h45 do dia 19 de julho de 2008. No dia anterior, ela tinha ido a um bingo e voltou reclamando de dores no peito. Entrou no hospital com pneumonia grave e faleceu algumas horas depois.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Crise no Irã: rastílio de pólvora no Oriente Médio

Entenda a crise nuclear com o Irã
Confira a lista de perguntas da BBC que explica a crise nuclear envolvendo Teerã.

O Irã continua desafiando uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que prevê a interrupção de seu programa nuclear. Em março, a ONU aprovou um terceiro pacote de sanções contra o Irã devido à recusa do país em suspender suas atividades de enriquecimento de urânio.
Em junho a comunidade internacional ofereceu um pacote que inclui incentivos econômicos ao Irã em troca de garantias de que o país não irá fabricar armas nucleares, mas o país islâmico rejeitou a oferta e disse que não mudaria sua posição em relação a seu programa nuclear.
Em meio à tensão, Israel realizou exercícios militares no que foi considerado pelo Irã como um ensaio para um possível ataque contra suas instalações nucleares. O governo da república islâmica reagiu, testando mísseis de longo alcance com capacidade de atingir Israel. Na crise, podem ser arrastados para uma guerra arrasadora nações como Síria, Arábia, Egito, Jordânia e, especialmente, EUA... Enfim, um cenário semelhante à esse marcou os meses anteriores à eclosão da 1ª grande guerra, há quase 1 século atrás...A BBC preparou uma lista de perguntas que explicam a crise nuclear envolvendo o Irã.

Por que o Irã está desafiando o Conselho de Segurança?
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, diz que o uso da tecnologia nuclear para fins pacíficos é um direito do povo iraniano.
Segundo o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), um país tem o direito de enriquecer seu próprio combustível para geração de energia nuclear com fins civis, sob a inspeção da AIEA.
O Irã afirma que está fazendo o que é permitido. O país afirma que precisa de energia nuclear e quer controlar todo o processo sozinho. O Irã alega que não vai usar a tecnologia para fabricar uma bomba nuclear.

Por que o Ocidente está tão preocupado?
As potências do Ocidente temem que o Irã, sigilosamente, tente desenvolver uma bomba nuclear ou a capacidade de fazer uma bomba, mesmo se não tiver decidido fazer a bomba agora. Por isso, elas querem que o Irã acabe com qualquer enriquecimento. Esses países dizem que não é possível confiar no Irã. O Irã admitiu ter recebido um documento no mercado negro sobre a construção de um dispositivo nuclear preparado pelo cientista paquistanês A. Q. Khan. Isso aumentou as preocupações. O Irã diz que recebeu o documento sem ter pedido.
Além disso, as potências ocidentais avaliam que permitir que o Irã continue a enriquecer urânio seria abrir um precedente.

Quais foram as últimas sanções impostas ao Irã?
Em março de 2008, a ONU impôs uma última rodada de sanções, que incluem a proibição de viagens internacionais para cinco autoridades iranianas e o congelamento de ativos financeiros no exterior de 13 companhias e de 13 autoridades iranianas.
A resolução também impede a venda para o Irã dos chamados itens de "uso duplo" - que podem ter tanto objetivos pacíficos como militares.
Em 10 de junho deste ano os Estados Unidos e União Européia anunciaram que estariam dispostos a reforçar as sanções com medidas adicionais.
Treze dias depois, a EU concordou em congelar bens do maior banco iraniano, Bank Melli e estender a proibição de vistos para iranianos envolvidos no desenvolvimento do programa nuclear.
Ainda em junho, o representante da União Européia para política externa, Javier Solana apresentou, em nome de China, UE, Rússia e Estados Unidos um pacote de incentivos econômicos ao Irã em troca de garantias de que o país não irá fabricar armas nucleares.
Um porta-voz do governo respondeu que a posição do país sobre seus direitos de desenvolver seu programa nuclear permaneceria a mesma.

Por que a tensão aumentou nos últimos dias?
Em meio à tensão, Israel realizou exercícios militares o que foi considerado pelo Irã como um ensaio para um possível ataque contra as instalações nucleares iranianas.
O governo da República islâmica reagiu, testando mísseis de longo alcance com capacidade de atingir Israel.

O Irã diz que tem permissão para enriquecer combustíveis. Então, por que a crise?
O Irã tem permissão para desenvolver um ciclo de combustível para energia nuclear, sob inspeção da AIEA.
No entanto, como escondeu o seu programa de enriquecimento antes, há agora uma dúvida sobre o risco de que isso volte a ocorrer. Em tese, o Irã poderia aprender como fazer combustível para energia nuclear, enriquecê-lo ainda mais para uma bomba e deixar o TNP.

O Irã pode abandonar o TNP?
Sim. O artigo 10º dá aos Estados-membros o direito de declarar que "eventos extraordinários colocaram em risco os interesses supremos do Estado". Um país pode, a partir disso, dar um aviso de que em três meses abandonará o tratado.

Por que o Irã quer enriquecer urânio?
O urânio enriquecido fornece combustível para uma usina de energia nuclear. O Irã diz que precisa ser capaz de desenvolver esse processo de enriquecimento, sob inspeção, porque não pode confiar em fornecedores estrangeiros. O país diz que esses fornecedores poderiam estar sujeitos à influência americana.
Apesar de suas grandes reservas de gás e petróleo, o Irã diz que quer diversificar suas fontes de energia. O país argumenta que seu programa nuclear original começou há décadas.

O Irã pretende fazer armas nucleares?
O Irã diz que sua política é de dizer "sim" ao enriquecimento e "não" às armas nucleares. Os céticos argumentam que o Irã não tem necessidade de fazer seu próprio combustível nuclear, que pode ser fornecido por outros e, portanto, deve estar pretendendo fazer uma bomba.
Outra possibilidade é que o Irã queira desenvolver a capacidade, mas deixar para o futuro a decisão de realmente fazer uma arma nuclear.

Quanto tempo seria necessário para o Irã construir uma bomba?
Uma estimativa do Instituto Internacional para Estudos Estratégicos de Londres (IISS, na sigla em inglês), feita em 2007, diz: "se e quando o Irã tiver três mil centrífugas operando normalmente, o IISS estima que seriam necessários mais nove a 11 meses para produzir 25 quilogramas de urânio altamente enriquecido, o suficiente para uma arma do tipo de implosão. Este dia ainda está dois ou três anos longe, no mínimo".
O Irã instalou, inicialmente, 164 centrífugas, mas - segundo o especialista Mark Fitzpatrick, do IISS - o país tem tido problemas para conseguir fazê-las funcionar.

Israel não tem uma bomba atômica?
Sim. Israel, no entanto, não é membro do TNP e, portanto, não teria obrigação de obedecê-lo. Assim como Índia e Paquistão, que também desenvolveram armas nucleares.

domingo, 13 de julho de 2008

Biocombustíveis: o Brasil tem o futuro do mundo nas mãos

JACARTA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, fecharam um acordo de cooperação para os biocombustíveis neste sábado em Jacarta, aproveitando os altos preços do petróleo para impulsionar o desenvolvimento de fontes de energia alternativas. Ao término de um encontro no palácio presidencial da capital indonésia, os dois chefes de Estado assinaram um acordo para compartilhar conhecimentos tecnológicos no campo da produção de biocombustíveis. Além disso, uma visita oficial de Yudhoyono ao Brasil foi anunciada para novembro.Lula considerou que a rápida escalada dos preços do petróleo representa "uma grande oportunidade" para países em desenvolvimento como a Indonésia e o Brasil, ambos grandes produtores de biocombustíveis."Os países em vias de desenvolvimento que possuem as características da Indonésia e do Brasil não deveriam enxergar essa crise apenas como um problema. Temos que ver este momento como uma grande oportunidade", afirmou."Temos terra, temos sol, temos recursos hídricos, temos tecnologia, e, graças a Deus, os pobres do mundo começaram a comer mais, três refeições por dia, exigindo uma produção maior de alimentos", continuou o presidente brasileiro."No setor da energia, os dois países estão cooperando no campo das energias alternativas. O Brasil desenvolveu com sucesso o bioetanol e a Indonésia pode aprender muito com o Brasil", declarou por sua vez Yudhoyono.O presidente indonésio também pediu a ampliação do Conselho de Segurança da ONU e declarou apoio ao projeto brasileiro de se tornar membro permanente desta instância da ONU."O Brasil está entre os países citados como potenciais membros permanentes do Conselho de Segurança. Alguns dizem também que a Indonésia deve ser um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, já que possui a maior população muçulmana", disse.Os dois presidente fecham o acordo de cooperação de biocombustíveis em meio à polêmica gerada em torno do assunto, já que críticos acusam o investimento na produção de biocombustíveis de colaborar para o aumento dos preços dos alimentos e para o desmatamento.Lula voltou a rebater essas acusações, assim como outras que apontam os países emergentes como culpados pelo agravamento da situação dos alimentos e do meio ambiente no mundo."Em primeiro lugar, não é a produção de etanol ou biodiesel a responsável pela alta do preço dos alimentos. Segundo, não se deve só à China o fato de que os preços do petróleo estão subindo", afirmou."Em terceiro lugar", continuou Lula, "as pessoas logo vão descobrir que alcançar um bom acordo na Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) pode melhorar sua produção de alimentos, abrindo mais o acesso aos mercados"."A única coisa que é inaceitável é pedir que as pessoas pobres do mundo parem de comer. Que nos peçam um aumento na produção e nós o faremos, porque temos condições para isso", concluiu o presidente brasileiro.A visita de Lula à Indonésia é a etapa final de uma viagem do presidente pela Ásia, que começou no Japão na cúpula das potências do G8 e seguiu para o Vietnã e para o Timor Leste.
Os biocombustíveis são fontes de energias renováveis, derivados de produtos agrícolas como a cana-de-açúcar, plantas oleaginosas, biomassa florestal e outras fontes de matéria orgânica. Em alguns casos, os biocombustíveis podem ser usados tanto isoladamente, como adicionados aos combustíveis convencionais. Como exemplos, podemos citar o biodiesel, o etanol, o metanol, o metano e o carvão vegetal. No que tange ao biodiesel, apenas recentemente esse biocombustível entrou na agenda do governo brasileiro. Apesar da primeira patente do biodiesel no mundo ter sido registrada em 1980, por um professor da Universidade Federal do Ceará, somente em Dezembro de 2004 é que foi lançado, oficialmente, pelo governo brasileiro o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel.
A introdução do biodiesel na matriz energética brasileira foi estabelecida pela Lei 11.097 de janeiro de 2005, que determina a adição voluntária de 2% de biodiesel ao óleo diesel comercializado ao consumidor final até 2007; já a partir de 2008, essa adição de 2% será obrigatória. A mistura de 5% de biodiesel ao óleo diesel será voluntária no período de 2008 até 2012, passando a ser compulsória a partir de 2013. O uso do biodiesel traz uma série de benefícios associados à redução dos gases de efeito estufa, e de outros poluentes atmosféricos, tais como o enxofre, além da redução do consumo de combustíveis fósseis. Porém, no processo de fabricação, uma série de resíduos e subprodutos industriais é gerada, os quais podem, quando adequadamente geridos, contribuir para a viabilidade econômica da produção de biodiesel. Esses resíduos de natureza líquida e sólida possuem potencial para uso na indústria de alimentos e para a nutrição animal, bem como na indústria químico-farmacêutica, mas há uma grande carência de estudos de análises de viabilidade técnica e financeira, que possam apontar as melhores alternativas de custo-benefício para o processamento e tratamento desses resíduos, os quais podem agregar valor e reduzir os custos de produção de biodiesel, com o aproveitamento e venda destes produtos e seus derivados. O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fez um discurso focado na questão ambiental na abertura da 62ª Assembléia Geral da ONU, na manhã de 25 de setembro do ano passado em Nova York, nos Estados Unidos."O mundo não modificará sua relação irresponsável com a natureza sem modificar a relação com o desenvolvimento e a repartição das riquezas", afirmou Lula, relacionando o consumo (principalmente dos países ricos e industrializados) à produção de bens que geram poluição e gases que levam ao aquecimento global.Lula defendeu a realização de uma nova conferência para o meio-ambiente em 2012, assim como ocorreu na Eco 92 (também conhecida como Rio 92) e na Rio+10, esta última realizada na África do Sul em 2002."O Brasil sediou a conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Meio-Ambiente, a Rio 92. Precisamos avaliar o caminho percorrido e estabelecer novas metas. Proponho em 2012 uma nova conferência que o Rio se propõe a sediar, a Rio+20", afirmou Lula.A proposta de Lula de sugerir a Rio+20 se espelha num procedimento que tem se tornado comum -a condução de reuniões internacionais de "seqüência" à gigantesca cúpula ambiental que se deu no Rio de Janeiro em 1992. Lula continuou seu discurso na abertura da 62ª Assembléia Geral da ONU falando sobre os combustíveis alternativos."Os biocombustíveis são uma opção. O etanol e o biodiesel podem oferecer muitas oportunidades a países emergentes, podem gerar emprego e renda e favorecer a agricultura familiar, além de equilibrar a balança comercial", afirmou o presidente brasileiro. Lula disse que sua administração fez um estudo para definir em quais áreas é possível plantar cana. "O Brasil pretende organizar em 2008 uma conferência sobre biocombustíveis. Faço um convite a todos os países para que participem." Em seu discurso, o presidente brasileiro chegou até a falar em "catástrofe humana", caso o crescimento das economias continue nos níveis atuais. "Não nos iludamos: se o modelo de desenvolvimento global não for repensado, crescerá o nível de uma catástrofe humana", afirmou o presidente brasileiro.Em sua apresentação de cerca de 15 minutos, minuciosamente discutida com assessores e diplomatas brasileiros na tarde de ontem, Lula disse que cada país deve assumir sua responsabilidade. "Cada um de nós deve assumir nossa parte nessa tarefa. Os países mais industrializados devem dar o exemplo. Têm que fazer o que assumiram em Kyoto. Mas isso não basta. Precisamos de metas mais severas", afirmou Lula."Também os países em desenvolvimento devem participar do debate sobre mudanças climáticas. O Brasil lançará em breve seu plano nacional de mudanças climáticas. A floresta amazônica pode sofrer demais com as mudanças. O Brasil tem feito esforços notáveis para diminuir os impactos. Basta dizer que nos últimos anos reduzimos pela metade o desmatamento da Amazônia. E isso não é pouco", afirmou.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

EUA: Porque McCain não será eleito

Quais as chances de John McCain chegar à presidência da república dos EUA? É verdade, como muitos vêm dizendo, que os democratas têm uma crise interna com a qual lidar. Mas esta ainda é uma eleição muito – muito difícil mesmo – para John McCain. Para entender por que é preciso, antes, compreender como McCain chegou à candidatura republicana. Não foi com o típico voto republicano. Estado por estado, quando muito, McCain empatava com outros candidatos de seu partido entre os eleitores que são favoráveis a George W. Bush. Mitt Romney e Mike Huckabee, cada um em sua área, atraíam mais votos pró-Bush e pró-Guerra. McCain jamais fez segredo de que acredita que deve manter as forças armadas no Iraque. Como diz seu biógrafo, Matt Welch, ele tem uma visão imperialista do papel dos EUA no mundo. Ainda assim, o naco do eleitorado que o levou à vitória são os eleitores anti-Bush e anti-Guerra – um grupo no qual ganhou sempre de 2 para 1. Não custa lembrar 70% dos eleitores norte-americanos são contra a guerra no Iraque. Também não custa lembrar que, nos estados em que a trupe anti-guerra é minoria, McCain perdeu. Por que John McCain recebeu este tipo de voto? Por conta da memória da campanha de 2000. Naquele ano, ele foi o principal adversário de George W. Bush pela candidatura à presidência do Partido Republicano. McCain representa, para este tipo de eleitor, tudo o que Bush não foi. Mas há um limite para a manutenção desta imagem.
Enquanto o Partido Democrata luta para conseguir definir seu candidato, o que faz John McCain? Vai à Casa Branca ser recebido por George W. Bush. Vai ao sul aceitar o apoio de líderes religiosos e grupos ultra-conservadores. E, agora, prepara uma viagem ao Iraque. Quer coletar imagens com ar presidencial no cenário de guerra. É possível argumentar com justiça que, sem o voto do típico eleitor de Bush, ele não terá chances de vitória. Mas a estratégia que adotou para alcançar este voto aliena justamente os eleitores que tem neste momento. Mais que isso: vai contra os desejos da maioria dos norte-americanos. A divisão interna do Partido Democrata favorece em muito a situação de John McCain. Sua estratégia de campanha, não. Se é para fazer uma aposta, o próximo presidente norte-americano será um democrata E - REVOLUÇÃO - negro. E viva a democraCIA.

Pesquisa do instituto Gallup aponta que 23% dos eleitores norte-americanos dizem que a idade do provável candidato republicano John McCain seria um problema caso ele se tornasse presidente dos EUA. Apenas 8% dos entrevistados apontam que a etnia do seu rival democrata Barack Obama pode ser um desafio para sua possível Presidência. McCain, 71, que se eleito será o homem mais velho a assumir o cargo em primeiro mandato, tem na idade um dos maiores desafios de sua candidatura. Embora dedique-se a mostrar uma imagem de experiência e responsabilidade, muitos eleitores ainda o vêem como alguém velho --conceito que a equipe democrata deve ressaltar na reta final da campanha presidencial. Apenas 11% dos eleitores entrevistados apontam que a idade do senador veterano o tornariam um presidente melhor para os EUA. Contudo, o cenário mostra-se mais positivo quando se avalia que a grande maioria (65%) ainda aponta que a idade não faz diferença alguma em suas credenciais políticas. Destes 23% que vêem a idade de McCain como um problema, 37% são eleitores identificados com Obama. Do outro lado, 19% dos eleitores republicanos apontam seus 71 anos seriam uma vantagem para o cargo, enquanto 8% indicam que seria uma desvantagem. Estes resultados foram estimados a partir de duas questões incluídas na mais recente pesquisa de opinião conjunta Gallup/"USA Today". No caso do democrata Obama, o cenário se mostrou muito mais positivo, com 82% dos eleitores indicando que sua etnia --um assunto que apareceu várias vezes em sua campanha presidencial-- não fará diferença caso ele seja o próximo presidente dos EUA. Os outros eleitores dividem-se entre os dois extremos, 9% dizem que a etnia de Obama --que se eleito será o primeiro presidente negro do país-- pode ser uma vantagem em seu trabalho na Casa Branca e outros 8% dizem que pode prejudicá-lo. No caso do senador por Illinois, a mesma porcentagem --82%-- de eleitores democratas e republicanos apontam que não fará nenhuma diferença o fato de Obama ser negro. Mais importante, apenas 14% dos eleitores do partido rival tem uma visão negativa sobre o impacto da etnia de Obama em seu trabalho como presidente --comparados aos 37% dos democratas que vêem a idade de McCain como um problema.
Um dos lemas de campanha de Obama é justamente transcender a questão racial. Diante de várias controvérsias sobre o assunto --criadas principalmente com as declarações polêmicas de seu ex-reverendo Jeremiah Wright sobre o racismo nos EUA--, Obama fez um grande discurso sobre a questão. Entre os independentes, um grupo que não se identifica com nenhum dos partidos e que é visto como crucial para as eleições deste ano, os números ficam na média daqueles dos eleitores democratas e republicanos. No caso de McCain, 66% não vêem nenhum problema na idade do republicano. Outros 25% apontam que esta característica o torna menos capaz de ocupar o cargo e outros 9% dizem que seria uma vantagem. No caso de Obama, 84% dos eleitores independentes apontam que sua etnia não afetaria em nada seu governo. Outros 7% vêem como um problema e 8% apontam como uma vantagem para sua administração.
Negros e idosos : As porcentagens também não mudam significativamente quando se divide os entrevistados entre pessoas mais velhas e negros. Entre os eleitores com 65 anos ou mais, 21% (apenas dois pontos abaixo da média) vêem a idade de McCain como um problema para sua possível Presidência. Outros 14% indicam que seria uma vantagem e a grande maioria, 64%, diz que não faz nenhuma diferença. As mesmas porcentagens, com diferenças pouco significativas, aparecem quando se avalia o grupo de eleitores com idades entre 18 e 29 anos. Entre os eleitores negros e brancos, o cenário também não se altera profundamente quando questionados se a etnia de Obama pode influenciar o seu governo. Segundo a sondagem, 80% dos eleitores negros apontam que o fator não influenciaria o governo Obama. Outros 5% apontam que seria um problema para o senador por Illinois. A maior diferença está entre aqueles que vêem na etnia de Obama uma vantagem. Entre os negros, a porcentagem chega a 14%, uma margem de sete pontos percentuais sobre a opinião dos eleitores brancos. A pesquisa que deu origem a estes dados foi realizada entre 15 e 19 de junho e ouviu 1,625 eleitores. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u421066.shtml

terça-feira, 8 de julho de 2008

Ingrid libertada, vitória da democracia

Íngrid Betancourt Pulecio (Bogotá, 25 de Dezembro de 1961) é uma senadora e activista anticorrupção franco-colombiana. Foi raptada pelo grupo guerrilheiro (que usa métodos considerados terroristas como, por exemplo, o sequestro) FARC em 23 de Fevereiro de 2002 enquanto fazia campanha para as eleições presidenciais. Betancourt permaneceu cativa até o dia 2 de Julho de 2008, quando o ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, anunciou a sua libertação juntamente com outros catorze reféns.Filha de um ex-senador e ex-embaixador colombiano com uma ex-miss Colômbia, Gabriel Betancourt e Yolanda Pulecio, viveu boa parte de sua juventude em Paris, onde o pai servia como embaixador da Colômbia junto à UNESCO. Estudou Ciências Políticas no Instituto de Estudos Políticos de Paris. Seu ambiente familiar propiciou-lhe o convívio com o poeta Pablo Neruda, o escritor Gabriel García Márquez e o pintor Fernando Botero. Teve dois filhos de seu primeiro casamento na França.Após o assassinato de Luis Carlos Galán, (ex-candidato a presidência) com uma plataforma política anti-drogas, Íngrid decidira retornar à Colômbia (1989). Em 1990 ela trabalhou no Ministério das Finanças da Colômbia, posteriormente abandonou, para entrar na política. Na sua primeira campanha, Íngrid distribuíra preservativos que representavam como ela mesmo dizia: "um preservativo contra a corrupção". Combatia o tráfico de drogas e militava na causa ambiental.Íngrid concorrera ao cargo de senadora na eleição de 1998 - a quantidade de votos que recebera fora a maior entre todos os candidatos ao senado daquela eleição. Durante seu mandato recebera ameaças de morte por uma organização militar desconhecida, forçando-a a enviar seus filhos para Nova Zelândia.Na eleição presidencial seguinte, Íngrid concedera apoio a Andrés Pastrana em troca de concessões de seu interesse. Porém, após sua eleição ela reivindicara o não cumprimento das promessas por Andrés a ela feitas.Após a eleição de 1998 Íngrid escrevera um livro, uma memória. Em princípio, seu livro não fora publicado na Colômbia , pois continha revelações polêmicas, além de críticas e acusações contra o antigo presidente Samper e outros, por isso fora publicado inicialmente na França com o título: "La Rage au Coeur" (Raiva no coração).Seqüestrada em 2002, permaneceu em poder das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) até 2 de Julho de 2008, quando foi resgatada numa operação do exército colombiano.Em 2 de Julho de 2008, às 15h 16m (hora da Colômbia), o ministro da Defesa do país, Juan Manuel Santos, anunciou a libertação no sul do país, pelo exército colombiano, de quinze reféns, entre os quais Íngrid Betancourt, três cidadãos dos Estados Unidos e onze agentes policiais e militares colombianos, alguns dos quais eram reféns das FARC havia mais de dez anos. Íngrid Betancourt estava sequestrada havia 2323 dias. Este resgate ocorreu através da infiltração do exército no comando das FARC que tinha os reféns em seu poder, conseguindo convencer os sequestradores a reunir num só grupo os reféns. O resgate foi feito por helicóptero, sob o pretexto de levar os reféns para uma inspecção humanitária.
A operação foi a conclusão de uma vasta preparação de infiltração no mais alto nível das FARC. Os reféns só souberam que estavam a caminho da liberdade no helicóptero, pois toda a operação decorreu sem um único tiro e sem qualquer violência.

Cronologia do seqüestro de Ingrid Betancourt
Ex-refém franco-colombiana ficou seis anos em poder das Farc na selva colombiana

- 2002: Ingrid Betancourt lança candidatura à presidência da Colômbia

- 23/2/2002: Ingrid Betancourt é seqüestrada pelas Farc. Clara Rojas, sua assessora de campanha, também é levada pela guerrilha

- 26/2/2002: Presidente venezuelano, Hugo Chávez, afirma que está "fazendo contatos" para conseguir a libertação de Ingrid.

- 24/7/2002: Primeira prova de vida de Ingrid é divulgada. No vídeo, ela culpa o governo do presidente Andrés Pastrana por seu seqüestro e exorta o futuro governo a insistir em uma saída negociada para o conflito armado.

- 7/8/2002: Álvaro Uribe toma posse como presidente da Colômbia.

- 5/5/2003: Tentativa de resgate militar acaba com a morte do governador de Antioquia, Guillermo Gaviria, do ex-ministro da Defesa Gilberto Echeverry e de outros oito militares - todos assassinados pelos rebeldes.

- 9/7/2003: Avião francês pousa em Manaus. Entre tripulantes estariam agentes do serviço secreto francês que participaram da tentativa sigilosa de resgatar Ingrid. A missão não só fracassou, como também arranhou as relações da França com a Colômbia e o Brasil, que não foram informados da missão.

- 29/9/2003: Farc divulgam vídeo no qual Ingrid pede ao governo uma operação militar de resgate.

- 18/8/2004: Uribe oferece libertar 50 rebeldes em troca de igual número de reféns em poder das Farc.

- 2006: Jornalista Jorge Enrique Botero revela em livro que Clara Rojas teve um filho no cativeiro.

- 27/9/2006: Uribe diz aceitar desmilitarizar uma área de 850 quilômetros quadrados no sudoeste do país para negociar um acordo humanitário com as Farc.

- 20/10/2006: Depois de atentado em Bogotá deixar 23 feridos, Uribe desiste de negociar com as Farc e ordena ao Exército que intensifique operações para resgatar reféns.

- 31/12/2006: Ex-ministro Fernando Araujo é o primeiro refém a escapar do cativeiro depois de seis anos seqüestrado.

- 14/1/2007: Ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, afirma que Ingrid está "viva e bem."

- 16/5/2007: Policial John Frank Pinchao, refém há nove anos, escapa e revela que Ingrid tentou fugir cinco vezes.

- 4/6/2007: Uribe aceita pedido de presidente francês, Nicolas Sarkozy, e liberta o "chanceler" das Farc, Rodrigo Granda.

- 28/6/2007: Farc anunciam morte de 11 dos 12 deputados estaduais, reféns há cinco anos.

- 15/8/2007: Uribe nomeia a senadora Piedad Córdoba como mediadora.

- 26/8/2007: Farc aceitam Chávez como mediador do acordo humanitário.

- 20/11/2007: Em reunião com Sarkozy, Chávez afirma que Farc prometeram entregar em 40 dias prova de que Ingrid está viva.

- 22/11/2007: Colômbia põe fim à mediação de Chávez, acusando-o de imiscuir-se em assuntos internos.

- 30/11/2007: Bogotá apresenta novas provas de vida de reféns, entre elas de Ingrid. As imagens de prova de vida comoveram o mundo e levaram o presidente da França, Nicolas Sarkozy, a pedir que as Farc libertem Betancourt.

- 10/1/2008: Farc libertam duas reféns, entre elas Clara Rojas.

- 27/2/2008: Guerrilha liberta mais quatro reféns; um deles, o ex-deputado Luis Eládio Pérez, diz que estado de saúde de Ingrid é crítico.

-01/03/2007: Raúl Reyes, o segundo homem da guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), morreu em território equatoriano durante um ataque aéreo lançado pelas forças militares colombianas, afirmou neste sábado o ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos. "Em uma operação conjunta das Forças Militares e da polícia nacional foi morto Raúl Reyes, membro do secretariado das Farc, e é o golpe mais duro já dado a esse grupo terrorista até o momento", disse Santos em uma entrevista coletiva. O ministro disse que o acampamento onde estava Reyes "estava localizado no lado equatoriano, a 1,8 km da fronteira".

- 04/03/2008: A crise diplomática entre o Equador, Colômbia e Venezuela teve início após um ataque do governo colombiano contra as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) ocorrido no último sábado (1º) dentro de território equatoriano. No ataque morreu Raúl Reyes, um dos principais líderes das Farc, considerado o "número dois" da guerrilha. Ao menos outros 16 guerrilheiros também morreram na ação colombiana. O governo de Quito afirma que, no total, seriam 22 mortos. No dia seguinte (2), o presidente venezuelano, Hugo Chávez, aliado do presidente equatoriano Rafael Correa, ordenou o fechamento da embaixada da Venezuela na Colômbia e a mobilização de "dez batalhões" militares na fronteira entre os dois países. Quito também retirou seu embaixador em Bogotá. Logo depois, ainda no domingo, Correa anunciou a "expulsão imediata" do embaixador da Colômbia em Quito e solicitou uma reunião urgente da OEA (Organização dos Estados Americanos) e da CAN (Comunidade Andina de Nações) para tratar do ataque colombiano ao território equatoriano. Correa disse que tinha ordenado a "mobilização de tropas" na fronteira com a Colômbia e exigiu do governo colombiano não só desculpas, mas "compromissos firmes de respeito ao Equador". Logo em seguida, o governo da Colômbia afirmou ter encontrado informações sobre supostas ligações do governo equatoriano com as Farc em computadores que pertenciam ao guerrilheiro Raúl Reyes, morto na operação militar de sábado. A informação foi imediatamente desmentida por Quito. Na segunda-feira (3), líderes e governantes de todo o mundo se manifestaram sobre a crise. A Venezuela ordenou a "expulsão imediata" do embaixador da Colômbia e do corpo diplomático da embaixada colombiana em Caracas. As decisões de Caracas e Quito de romper relações diplomáticas com a Colômbia foram adotadas depois que Bogotá revelou a suposta existência de acordos das Farc com os governos de Equador e Venezuela. Bogotá informou que as revelações serão apresentadas à OEA. Depois de denunciar a suposta ligação do Equador com as Farc, o governo colombiano anunciou que pediria à OEA que investigue uma suposta doação de US$ 300 milhões (cerca de R$ 504 milhões) que o governo da Venezuela teria feito às Farc, assim como um fornecimento de armas. Na terça-feira (4), a Colômbia denunciou a intenção das Farc de obter material radioativo para a fabricação de uma "bomba suja" --artefato explosivo convencional misturado com componentes nucleares (ou ainda químicos ou biológicos). As informações estariam em dois computadores de Reyes apreendidos no fim de semana. Pouco depois da nova denúncia colombiana, a Venezuela anunciou o fechamento de suas fronteiras com a Colômbia. Na sexta-feira (7), o presidente equatoriano, Rafael Correa, aceitou as desculpas de seu colega colombiano, Álvaro Uribe, e com um aperto de mãos deram por encerrado o conflito diplomático que envolveu também os presidentes da Venezuela, Hugo Chavez e da Nicarágua, Daniel Ortega. A paz foi selada na Cúpula do Grupo do Rio, em Santo Domingo, capital da República Dominicana.

- 27/3/2008: Defensor público colombiano afirma que Ingrid tem hepatite B e leishmaniose, e foi atendida em posto de saúde no sudoeste do país.

- 30/3/2008: Governo francês disponibiliza avião com equipe médica para atender Ingrid.

- 31/3/2008: Moradores de El Retorno afirmam terem visto Ingrid na zona rural do município no dia 23. Rádio diz que refém precisa de transfusão de sangue com urgência.

- 25/05/2008: O chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Militares da Colômbia, David René Moreno, declarou que o líder e fundador das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Pedro Antonio Marín, conhecido como "Tirofijo" (tiro certeiro, em tradução literal) estaria morto. Moreno leu um comunicado do Ministério da Defesa que afirmava queo líder revolucionário, também conhecido como Manuel Marulanda Vélez, morreu no dia 26 de março, por causas desconhecidas.

- 2/07/2008: Ingrid Betancourt é resgatada com outros 14 reféns. Os seqüestrados foram libertados após uma operação de infiltração na guerrilha na Colômbia. De acordo com o ministro, o Exército capturou os guerrilheiros que faziam um cordão de segurança na área de cativeiro dos seqüestrados. Esses rebeldes teriam convencido os demais a entregar os reféns. Ainda segundo as informações oficiais, o exército não precisou disparar nenhum tiro durante a operação. Ingrid Betancourt estava em poder das Farc havia seis anos. O resgate, que aconteceu no departamento de Guaviare, no sudeste da Colômbia, foi fruto de uma operação de inteligência. Segundo o ministro da Defesa da Colômbia, a operação aconteceu a cerca de 70 quilômetros ao sul de San José del Guaviare, capital do departamento, próximo ao rio Apaporis. Vários guerrilheiros - inclusive um líder das Farc identificado como César - foram presos na operação de um grupo de elite das Forças Armadas colombianas.

Encontro de Ingrid com os filhos




Presidente Alvaro Uribe se encontra com Ingrid Betancourt em Bogotá. A ex-candidata à presidência da Colômbia Ingrid Betancourt, libertada nesta quarta-feira após passar mais de seis anos como refém das Farc, expressou um firme apoio político ao presidente colombiano Alvaro Uribe.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Barack Obama, uma revolução em curso


Barack Hussein Obama, Jr. (Honolulu, 4 de agosto de 1961) é um político dos Estados Unidos da América, actualmente senador pelo estado de Illinois. Obama é o único senador mestiço na actual legislatura. Obama é na actualidade o candidato do Partido Democrata a eleições presidenciais de 2008, tendo formalizada sua candidatura em 4 de junho de 2008. Obama nasceu no Havaí quando seu pai, o economista muçulmano queniano Barack Obama, e sua mãe, Ann Dunham, de Wichita (Kansas), estudavam na Universidade do Havaí, em Manoa. Seus pais se divorciaram quando era pequeno e por quatro anos viveu em Jacarta (Indonésia) com sua mãe e o novo marido, este indonésio. Aos dez anos de idade, Obama voltou a viver no Havaí sob os cuidados dos avós maternos. Graduou-se em Ciências Políticas pela Universidade Columbia em Nova Iorque, para depois cursar três anos de Direito na Universidade de Harvard, graduando-se em 1991. Foi o primeiro afro-americano a ser presidente da Harvard Law Review. Em 1996 foi eleito ao Senado de Illinois (Orgão integrante da Assembléia Geral de Illinois, que constitui o poder legislativo local), mandato para o qual foi reeleito em 2000. Em 2004 foi eleito Senador dos Estados Unidos pelo estado de Illinois. Em 4 de janeiro de 2005 assumiu o atual mandato, o qual tem duração até 2011. É casado desde 1992 com Michelle Obama, é pai de duas meninas, Malia e Sasha. Fez sua carreira política em Chicago, Illinois, cidade onde trabalhou, conheceu sua esposa, constituiu família e onde durante anos foi líder comunitário e professor de Direito Constitucional numa universidade local.
Devido a sua historia pessoal (pai negro, mãe branca e padrasto asiático) e visto por muitos como um unificador, alguém que consegue transpor a barreira racial. O próprio Obama, já brincou com isso no programa da popular apresentadora estadunidense Oprah Winfrey, quando disse que jantares de sua família "são sempre uma mini-ONU, com parentes de todas as etnias". Recebeu o importante apoio da Família Kennedy, sendo comparado muitas vezes ao ex-presidente John Kennedy na sua capacidade de animar os eleitores e oferecer uma nova liderança.
Ainda recebeu o apoio de artistas como o cantor Will.I.Am e a líder das Pussycat Dolls, Nicole Scherzinger, que chegaram a gravar um vídeo denominado Yes We Can para a campanha do senador. Obama ganhou na 1ª prévia pelo Partido Democrata, em Iowa, no dia 3 de janeiro de 2008, saindo na frente de Hillary Clinton e John Edwards. Já na 2ª prévia Hillary Clinton bateu Obama por três pontos percentuais nas primárias do Nova Hampshire.[1] O senador Barack Obama venceu em 26/01/2008 por uma larga vantagem nas primárias do partido democrata em Carolina do Sul, onde recebeu o dobro dos votos da senadora Hillary Clinton, devido ao grande apoio recebido dos negros que representaram metade dos cidadãos que foram votar.[2] Durante os cinco primeiros meses de 2008, Obama e a sra. Clinton protagonizaram uma renhida disputa pela nomeação que ficou decidida em fins de Maio, quando o senador ultrapassou os 2118 delegados necessários para lhe garantir a nomeação (2156 de Obama contra 1923 de Hillary Clinton). A 4 de Junho, depois de vencer as primárias do partido no estado de Montana, Barak Obama assumiu-se como o candidato dos democratas para as eleições de 4 de Novembro, embora tenha ainda de aguardar pela convenção do Partido Democrata, a ter lugar em Agosto, em que será formalmente nomeado. A 7 de Junho Hilary Clinton disiste a sua candidatura apoiando Obama a concorrer as presidenciais.
Cerca de 40 anos depois da Suprema Corte dos Estados Unidos ter tomado decisões que acabaram oficialmente com a segregação racial no país, o Partido Democrata está prestes a fazer História ao escolher o primeiro negro para concorrer à Casa Branca. De acordo com a campanha do senador de Illinois, ele está a apenas 11 votos de obter a vitória matemática sobre Hillary Clinton, graças ao apoio dado nas últimas horas por superdelegados com direito a voto na Convenção Nacional Democrata. A escolha coroa a extraordinária campanha de um político que era praticamente desconhecido do grande público há 12 meses. Desde então, Obama usou a internet, uma grande capacidade de organização e uma retórica que lembra os oradores do movimento negro por direitos civis para gerar o entusiasmo que garantiu a ele a vitória sobre a franca favorita, a ex-primeira-dama e senadora Hillary Clinton. Hillary e o marido, o ex-presidente Bill Clinton, controlavam a maior parte da máquina partidária antes de serem atropelados pelo senador em primeiro mandato.
Apesar do racismo e da discriminação persistirem nos Estados Unidos, Obama foi capaz de construir uma coalizão que juntou o entusiasmo dos jovens com o apoio dos democratas mais ricos e mais educados, que foram seduzidos pelo slogan do "Sim, Podemos", pela promessa de acabar com a guerra do Iraque e a prisão de Guantánamo e de promover uma reforma completa da política doméstica e externa dos Estados Unidos depois de dois mandatos de George W. Bush.
Nas próximas semanas a tarefa de Barack Obama será a de consolidar o seu apoio partidário. Em Montana, onde a temporada de prévias se encerrou, 60% dos democratas que votaram em Hillary disseram que votarão em Obama em novembro, mas 25% afirmaram que preferem o candidato republicano John McCain. Não se sabe ainda qual será o papel da senadora na campanha. Não foi descartada, ainda, a indicação dela a vice na chapa do partido, uma escolha que dependerá acima de tudo dos cálculos eleitorais do próprio Obama. O senador demonstrou capacidade de atrair votos mesmo em estados de população majoritariamente branca. O problema dele parece ser mais geográfico do que racial. Obama se deu bem em estados historicamente liberais - como o Oregon - ou naqueles em que a economia não está completamente deprimida - Iowa, por exemplo. Mas fracassou miseravelmente em estados essenciais para uma vitória em novembro, como Ohio e a Pensilvânia, onde não foi capaz de conectar especialmente com os eleitores brancos de classe média baixa. Mas a escolha do Partido Democrata não deixa de ser extraordinária: há apenas cinco décadas, em algums regiões dos Estados Unidos - especialmente no Sul - a segregação entre brancos e negros era política oficial. Só em 1954, na famosa ação Brown vs. Board of Education, a Suprema Corte do país derrubou oficialmente a segregação nas escolas. As fotos que ilustram esse texto são, em si, um retrato dessa mudança: a que aparece abaixo da família Obama retrata um negro usando um bebebouro para "gente de cor" em Oklahoma City, Oklahoma, em 1939. A escolha de Obama se reveste de uma importância especial dadas as circunstâncias que tornam qualquer candidato democrata franco favorito para vencer em novembro. De acordo com pesquisa Gallup feita para o jornal USA Today, 55% dos americanos dizem que estão pior financeiramente hoje do que há um ano, o maior índice desde que o levantamento começou a ser feito. Além disso, usando uma inovadora campanha baseada acima de tudo em pequenas contribuições feitas através da internet, o senador de Illinois bateu todos os recordes de arrecadação. Só para se tornar candidato democrata gastou mais de 200 milhões de dólares.
Barack Obama pode parecer jovem para ser candidato à presidência dos Estados Unidos, mas quem escreveu uma autobiografia aos 33 de idade, como ele fez, parece ter o suficiente de maturidade. “Dreams of my Father” é um documento bastante expressivo de quem passou a maior parte da adolescência tentando entender quem é, e que aos 27 considera-se pronto para a vida. E permanece, na definição brilhante do New York Times, um homem “capaz de encantar quem gosta dele e inescrutável para os críticos”. Jamais subestime Obama, como o fez Hillary Clinton, e jamais subestime seu adversário republicano, John McCain, um herói de guerra mais durão, resistente, leal e corajoso do que qualquer personagem de filmes épicos.
Obama e McCain são donos de lições políticas importantes, especialmente a da capacidade de sobreviver e agarrar-se a uma perspectiva. Mas nos Estados Unidos de hoje, talvez a história de vida de Obama seja capaz de convencer melhor o eleitorado. Obama é considerado um fenômeno político, dizem sociólogos americanos, muito mais pelas transformações pelas quais a sociedade americana está passando. São transformações profundas trazidas por imigrantes e negros e, na figura de Obama, argumentam alguns, concentra-se a noção de um tipo de “justiça”. Essa não é, evidentemente, uma categoria com a qual se pode operar com segurança nas previsões eleitorais. Mas é uma categoria política no seu sentido mais amplo. O inescrutável em Obama, conforme assinalam seus críticos, é saber exatamente o que ele quer. Alguns dos perfis políticos e psicológicos de Obama (como o excelente “The Conciliator”, de Larissa MacFarquhar, publicado no “New Yorker” de 7 de maio de 2007) mostram uma personalidade que abandonou a indignação e o protesto em favor, quase sempre, da conciliação e da harmonia. Isso se traduz em que, quando se pensa no Iraque? Ou em que propostas, quando se pensa na rodada de Doha? Ou na política de imigração? De novo, aqui os amigos de Obama preferem assinalar seu papel histórico, ou melhor, o papel histórico daquilo que ele representa. Nesse sentido, não são tão importantes, para o julgamento da figura, aquilo que ele diz ou até faz mas, sim, aquilo que cristalizou em sua biografia política e através de sua biografia social. É um ponto interessante para sociólogos, antropólogos e cientistas políticos, mas vai dar trabalho a jornalistas e diplomatas, os que mais se interessam em prever o que pode acontecer no curto prazo.
O Jornal da Globo do dia em que Obama agarrou a nomeação democrata (foi nesta última terça, 3 de junho) começou dizendo aos telespectadores que se preparem para uma campanha política espetacular. Aqui, porém, cabe uma nota de cautela. Não esperem um duelo entre mocinho e bandido no estilo dos melhores faroestes americanos. A escolha entre Obama e McCain não é entre direita e esquerda, entre o bem e o mal, entre o progresso e o atraso, entre o liberal e o conservador. É uma formidável manifestação de um país que reencontra algumas de suas melhores tradições – entre elas a da tolerância, a da liberdade do indivíduo, a da oportunidade garantida a todos – trucidadas para quase uma década de bushismo. Até McCain reconhece isso.Obama é um “tribuno” brilhante, ninguém questiona isso. Como orador está quase ao nível dum JFK, com um qual tem vindo a ser comparado. Esta teoria ganhou muito relevo quando a filha de defunto presidente apoiou Obama, afirmando que ele lhe fazia lembrar o Pai. Logo os “Obamistas”, se assim lhes posso chamar, exultaram de alegria e disseram que ali estava a prova provada que aquele era o novo Kennedy. Lamento ser o desmancha-prazeres, mas tenho que discordar: mesmo não levando em conta que o que se passou não foi mais que uma luta de poder entre os dois clãs que dominam o partido democrata, Obama nunca consegue sequer chegar aos pés de Kennedy. Kennedy, tal como Obama, tinha um grande discurso e poder de oratória mas ao contrario do segundo, o primeiro tinha conteúdo; tinha objectivos: em relação á ida á lua, guerra fria, politica económica etc., estando todos estes objectivos presentes nos seus discursos. Já os discursos de Obama limitam-se a uma repetição incessante das palavras, “hope”, “change” e o já famoso “Yes we can!”. Pois bem o que eu pergunto é: Hope for what? Change what and how? We can do what? Ninguém sabe responder a esta pergunta, porque o senhor Obama, esperto como é, nunca aborda estes temas. Mantêm-se sempre dentro do prudente policamente-correcto, não vá chatear alguém, ou incomodar algum interesse. A única coisa que sabemos de Obama é que: quer aumentar o peso do estado na economia, e alargar a segurança social, e deseja fugir o mais depressa possível do Iraque para depois, vejam lá a prudência e o pacifismo deste candidato, ir bombardear o norte do Paquistão, (um país com um arsenal nuclear) onde alegadamente estão acampamentos da Al-Quaeda.No começo da campanha eleitoral, ainda em 2007, poucos apostavam na candidatura de Barack Hussein Obama. Senador por Illinois em seu primeiro mandato, ele era um desconhecido diante da ex-primeira-dama Hillary Clinton. Mas com uma estratégia bem definida --ganhar as pequenas votações e "caucus" (assembléias de eleitores)-- e a percepção de que os eleitores buscam uma mudança na administração do país --principal lema de sua campanha--, Obama conquistou a nomeação democrata com o apoio em massa dos superdelegados após as últimas primárias democratas. Na noite de 3 de junho, após a contagem dos votos de Montana e Dakota do Sul, a equipe de campanha de Obama celebrou a conquista inédita. Obama é o primeiro negro a se tornar candiato à Presidência dos EUA por um grande partido. E a questão racial, mesmo que de forma velada, pontuou a campanha do senador. Após a descoberta dos sermões controversos de Jeremiah Wright, seu ex-pastor por 20 anos com quem teve que romper, Obama fez um discurso sobre a temática que ficou marcado como exemplo do poder de sua retórica que atrai milhares aos seus comícios. "Escolhi disputar a Presidência neste momento histórico porque acredito profundamente que não podemos resolver os desafios de nossa era a não ser que o façamos juntos, a não ser que aperfeiçoemos nossa união ao compreender que, embora nossas histórias pessoais possam diferir, temos esperanças comuns", disse Obama, na época. Mesmo sem anunciar constantemente o fato de poder ser o primeiro presidente negro dos EUA, é entre os eleitores negros que Obama tem os maiores índices de votação. Uma pesquisa recente do instituto Gallup mostrou que Obama tem 93% das intenções de votos entre este eleitorado. Contudo, outra pesquisa do mesmo instituto avaliou o impacto da questão racial e mostrou que uma grande maioria dos eleitores negros, 78%, e uma maioria ainda maior dos eleitores brancos, 88%, negam a influência da questão racial em seu voto. O mesmo cenário aparece entre os eleitores hispânicos; 60% deles afirmam que não votam por questões raciais. Outro grande eleitorado de Obama está na camada mais jovem da população, os estudantes de classe média e alta que vivem em meio à diversidade das universidades, influenciados pelo rap e pela música negra em geral. "A verdadeira essência do apelo de Obama é a idéia de que ele representa o idealismo racial --a idéia de que raça é algo que os EUA podem transcender", disse Shelby Steele, pesquisadora da Instituição Hoover da Universidade Stanford, ao "Wall Street Journal". "É uma idéia muito atraente. Muitos americanos realmente gostariam de encontrar um candidato negro em quem poderiam votar tranqüilamente para presidente dos EUA", completa. Em seu discurso sobre o tema, Obama falou que espera transcender as diferenças entre os povos para que juntos possam conquistar um futuro melhor para seus filhos e netos. "Essa crença deriva de minha fé inabalável na decência e na generosidade do povo dos Estados Unidos. Mas também deriva de minha história pessoal como americano".