Em 1963, o reverendo Luther King sonhava com uma América sem segregação racial. Ontem, Barack Obama dirigiu-se aos americanos para dizer que "sim, podem" eleger o primeiro presidente negro, já a 4 de Novembro. Democratas têm primeiro candidato negro à Presidência Há 45 anos, 200 mil pessoas ouviam Martin Luther King expressar em Washington o seu sonho de ver os Estados Unidos tratar todos os cidadãos "como iguais". Assassinado cinco anos depois, em 1968, o homem que queria ver os filhos "julgados pelo carácter e não pela cor da pele" não esteve ontem em Denver, no estado americano do Colorado, para ver Barack Obama cumprir parte do sonho ao tornar-se oficialmente no primeiro negro escolhido por um grande partido como candidato à Casa Branca. Não foi ao acaso que Obama escolheu o dia 28 de Agosto para o seu discurso de aceitação da nomeação democrata. Num estádio com capacidade para 75 mil pessoas e lotação esgotada, o senador do Ilinóis tinha a tarefa de não desiludir. Quatro anos depois de ter adquirido dimensão nacional com um discurso sobre a união dos americanos proferido na convenção que consagrou John Kerry como candidato, Obama pretendia homenagear Luther King. E na audiência estavam alguns dos que ouviram o reverendo em Washington. Dezie Woods-Jones foi uma delas. Para ela, ver Obama candidato à Casa Branca só merece um comentário: "Aleluia! Ainda temos muito trabalho pela frente, mas estamos mais perto que nunca" do sonho de Martin Luther King, disse ao New York Times. Para dar ainda mais ênfase ao momento histórico que a sua nomeação representa para os Estados Unidos, o filho de um queniano e de uma branca do Kansas devia dirigir-se aos apoiantes a partir de um palco onde não faltavam nem mesmo as colunas gregas. Durante vários dias, equipas de trabalhadores prepararam o estádio de futebol Invesco Field para receber o discurso de Obama. Ontem à tarde as filas já haviam começado para entrar no estádio, onde a segurança foi reforçada. A organização democrata estava preocupada com um eventual ataque contra o candidato, sobretudo depois de três homens terem sido presos no domingo por alegadamente estarem a planear matar Obama com um tiro de espingarda, durante o seu discurso de ontem no Invesco Field. Segundo David Axelrod, principal estrategista de Obama, o discurso que o candidato devia proferir ontem (e que andou a preparar ao longo da semana) seria inspirado nos de John Kennedy em 1960, de Ronald Reagan em 1980 e de Bill Clinton em 1992.Com o republicano John McCain prestes a anunciar o seu candidato a vice, Obama devia dirigir-se aos apoiantes com toda a família democrata unida. Na quarta-feira à noite Hillary Clinton pôs fim à votação para escolher o candidato e pediu aos delegados para aclamarem Obama. Pouco depois foi a vez de Bill Clinton dar o seu apoio ao senador do Ilinóis. Um dos maiores críticos de Obama durante as primárias que este disputou com Hillary, o ex-presidente foi peremptório: "Barack Obama está preparado para ser presidente".Quem também foi confirmado, como vice-presidente, foi Joe Biden. O senador do Delaware subiu ao palco para interpelar os "polícias e bombeiros, professores e empregados de fábrica". Filho de um vendedor de carros e senador desde 1972, Biden foi escolhido por Obama não só pelo seu apelo junto das classes médias trabalhadoras e brancas como pela sua longa experiência em política externaObama, que fez uma aparição surpresa ao lado de Biden, afirmou: "Queremos abrir esta convenção a todos os que quiserem juntar-se ao partido e a mim num esforço para trazer a América de volta". E ontem terão sido muitos os que lhe responderam: "Yes we can!", o "Sim, podemos!" que se tornou no lema da sua campanha.
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
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