terça-feira, 4 de novembro de 2008

A espetacular e inesquecível vitória de Obama

Em noite histórica, Barack Obama diz que "mudança chegou aos Estados Unidos"
05/11 - 04:45 , atualizada às 06:29 05/11
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Leandro Meireles Pinto, repórter do iG nos EUA
CHICAGO - Em uma noite histórica e diante de milhares de pessoas, o presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que "hoje a mudança chegou aos Estados Unidos". "Se existe alguém no mundo que duvida que os EUA são o país onde qualquer sonho pode se tornar possível, a noite de hoje é a resposta", afirmou o senador por Illinois. "Foi uma espera longa, mas graças ao que fizemos hoje, a mudança está chegando aos EUA", disse Obama. Desde a manhã de terça-feira os partidários de Barack Obama já aguardavam com ansiedade pelo discurso de Obama, que só aconteceria 12 horas mais tarde. "Este é um momento que me toca no coração. Eu nunca imaginei que ia ver um negro se tornar o presidente dos Estados Unidos", disse o morador de Chicago e eleitor de Obama Michael Cornell, que levou os dois filhos, um de 9 e outra de 14 anos, ao comício. "Eles são parte da história", disse, emocionado. Ao longo do dia, os partidários acompanharam os desbobramentos da eleição em telões espalhados pelo parque. A cada Estado vencido por Obama, o público comemorava como se fosse um gol em um jogo de futebol. Se o Estado era vencido por John McCain, as vaias era inevitáveis. "É como acordar na manhã de Natal, nem dá para acreditar que está realmente acontecendo", disse Dorothy Jenkins. A vitória de Obama também é vista em Chicago como uma boa oportunidade para a cidade. Obama nasceu no Havaí, mas iniciou sua carreia política no Estado, sendo membro da Câmara Estadual e depois Senador pelo Estado de Illinois. "É um orgulho para nós aqui de Chicago ver a carreira de Obama subindo tão alto. Ele vai dar aos EUA uma nova cara para o mundo. E quem sabe vai ajudar a trazer a Olimpíada de 2016 para cá, e não para o Rio de Janeiro", disse Dick Hilton. "Mas não diga para o Lula que eu disse isso", brincou o economista aposentado com a reportagem do Último Segundo. Emoção em Chicago. A emoção dominou o clima de festa no parque do centro de Chicago. Logo após o anúncio da eleição de Barack Obama, estranhos se abraçavam, choravam, dançavam ao som da música que tocava em alto volume. "Essa é a hora de comemorar. Não dá para conter as lágrimas. Não importa o que aconteça amanhã, hoje temos que comemorar", afirmou Betty Marshall, que foi com três amigas ao evento. O discurso de Obama também teve seus momentos emotivos. Ao falar de sua avó, que morreu um dia antes da eleição, o candidato ficou com os olhos marejados e a voz embargada. Obama também contou o caso de uma senhora de 106 anos que votou nesta terça-feira. "Essa mulher viu todas as mudanças que tivemos e sabe que 'nós podemos'", afirmou, lembrando o slogan de sua campanha.Mas o momento de maior aplauso para o discurso do presidente eleito foi quando Obama menciou que os Estados Unidos são um país composto de "brancos, negros, asiáticos, latinos, índios e muitas outras raças". "Eu vou ser o presidente de todos", disse."A estrada será longa, e talvez não seja possível chegar onde queremos em apenas um ano ou um mandato", afirmou. "Mas eu nunca tive tanta esperança de que vamos chegar lá. Eu prometo que, como povo, vamos chegar lá", conclui o presidente eleito.

Eleição histórica
Obama conquistou a Casa Branca nesta terça-feira, após uma extraordinária campanha de dois anos, derrotando o republicano John McCain e fazendo história ao se tornar o primeiro negro a ser eleito presidente dos Estados Unidos.Obama tomará posse como o 44o presidente dos Estados Unidos em 20 de janeiro de 2009, segundo projeções das redes de TV norte-americanas. Ele terá pela frente enormes desafios, como a crise econômica, a guerra do Iraque e a reforma do sistema público de saúde.A vitória de Barack Hussein Obama, 47 anos, filho de um negro do Quênia com uma branca do Kansas, é um marco na história dos EUA, 45 anos após o auge do movimento dos direitos civis, liderado pelo pastor Martin Luther King.

Obama é eleito 1º presidente negro dos EUA
05/11 - 04:30 , atualizada às 06:23 05/11
- Redação com BBC

O senador democrata Barack Obama foi eleito nesta terça-feira presidente dos Estados Unidos e será o primeiro negro a assumir o cargo na história do país. Por volta das 3h30 (hora de Brasília), Obama havia conquistado pelo menos 338 votos no Colégio Eleitoral que definirá o novo presidente, superando a marca dos 270 votos necessários para garantir a vitória. O principal adversário do democrata, o republicano John McCain, conquistou pelo menos 155 votos.
Obama fez o discurso da vitória por volta das 3h (horário de Brasília), em Chicago, cidade onde construiu sua carreira política. “Se há alguém por aí que ainda duvida que os Estados Unidos são o lugar onde todas as coisas são possíveis; que ainda se pergunta se o sonho dos pais de nossa nação está vivo em nossos tempos; que ainda questiona o poder de nossa democracia, hoje à noite veio a resposta”, afirmou o democrata. “A estrada que temos adiante será longa. Nossa escalada será íngrime. Nós não vamos chegar lá em um ano ou mesmo em um mandato, mas, Estados Unidos – eu nunca estive mais esperançoso do que hoje à noite de que nós vamos chegar lá. Eu prometo a vocês – como povo, chegaremos lá", afirmou. O novo presidente pediu apoio de todos os americanos para construir um país melhor. O convite se estendeu aos eleitores de John McCain: "Eu posso não ter ganho seu voto, mas escuto a sua voz, preciso da sua ajuda, e serei seu presidente também", disse, para uma platéia que não se cansava de repetir o slogan da campanha democrata, "Yes we can" ("sim, nós podemos").McCain reconheceu a derrota em um pronunciamento em sua base eleitoral, a cidade de Phoenix, no Estado do Arizona, após uma conversa telefônica com Obama. “O povo americano falou, e falou claramente”, disse. “O senador Obama e eu apresentamos nossas diferenças e ele prevaleceu. Não há dúvida de que muitas dessas diferenças persistem. Estes são tempos difíceis, e eu prometi a ele nesta noite fazer tudo que estiver ao meu alcance para ajudá-lo a guiar-nos em meio aos inúmeros desafios que enfrentamos.”

Vitória em Estados-chave
De acordo com as projeções, Obama conseguiu o apoio da maioria dos Estados que deram respaldo aos democratas nas eleições presidenciais de 2004 e conquistou pelo menos seis Estados que haviam ficado com os republicanos naquela ocasião. Entre os triunfos mais significativos do democrata estariam os Estados de Ohio, Flórida, Colorado e Pensilvânia. Além desses Estados, ele teria vencido em Vermont, New Hampshire, Illinois, Delaware, Massachusetts, Maryland, Nevada, Connecticut, Maine, Nova Jersey, Michigan, Minnesota, Wisconsin, Nova York e Rhode Island. McCain, por sua vez, teria vencido pelo menos em Kentucky, Carolina do Sul, Oklahoma, Tennessee, Arkansas, Alabama, Kansas, Dakota do Norte, Dakota do Sul, Wyoming, Georgia, Louisiana, Virginia Oriental, Texas, Mississippi e Utah. Em Ohio e na Flórida, as mais recentes pesquisas de intenção de voto indicavam uma disputa muito apertada entre Obama e McCain. Pensilvânia e Colorado eram também considerados Estados-chave por serem populosos e não terem um eleitorado firmemente alinhado nem com os democratas nem com os republicanos. Até as 4h30, hora de Brasília, a apuração continuava em diversos Estados. As urnas do Alasca, por exemplo, fecharam às 4h.

Alto comparecimento
Todas as indicações são de que as eleições tiveram um comparecimento recorde dos eleitores às urnas, num país em que o voto não é obrigatório.
Vários Estados considerados cruciais nesta eleição – entre eles Ohio e Missouri – informaram que houve um alto comparecimento e houve longas filas do lado de fora de centros de votação durante o dia. A expectativa era de que 130 milhões de americanos votassem. Se o número se confirmar, esta terá sido o pleito americano com maior participação de eleitores desde 1960.
As autoridades no Missouri – um Estado que há anos costuma eleger o candidato que no final acaba conquistando a Casa Branca – informaram que o comparecimento foi “sem precedentes”. Em Ohio, a expectativa era de que 80% dos inscritos fossem às urnas.

Barack Obama, o presidente com a proposta de "mudança"
04/11 - 01:03 , atualizada às 06:15 05/11 - Redação com agências internacionais

Ao vencer as eleições desta terça-feira, o democrata Barack Obama, 47 anos, se tornou o primeiro presidente negro dos Estados Unidos. Com notável habilidade retórica e um discurso concentrado na palavra “mudança”, Obama se apresentou, durante a campanha, como a voz de uma nova geração. Nascido em Honolulu, no Havaí, em 4 de agosto de 1961, Obama é filho de Barack Obama Sr., um economista queniano educado em Harvard, e de Ann Dunham, nascida em Wichita, Kansas, Estado incrustado no coração dos EUA.Os dois se conheceram quando estudavam na Universidade do Havaí, no fim da década de 50. Porém, com o divórcio de seus pais e o novo casamento de sua mãe, Obama deixou os Estados Unidos e foi morar com ela na Indonésia. Durante o longo período que viveu no exterior, Obama diz ter aprendido a enxergar as extremas desigualdades do mundo. "Conscientizei-me das enormes diferenças de oportunidades que existem em muitos países. Soube quão pobres algumas pessoas podem ser, e percebi como a corrupção pode frustrar as oportunidades", afirmou.Em sua biografia, Obama conta que voltou a morar no Havaí quando já era adolescente, época em que experimentou maconha e cocaína. Anos mais tarde, estudou Ciências Políticas na Universidade de Columbia e graduou-se em Direito em Harvard, onde foi o primeiro negro a ocupar o cargo de presidente da influente publicação “Harvard Law Review”.

Carreira política
AP
Obama foi o terceirosenador negro dos EUAObama iniciou a carreira política em Chicago, no Estado de Illinois, centro-oeste dos Estados Unidos, como advogado especialista em direitos civis. Foi professor de Direito Constitucional na Universidade de Chicago antes de ser eleito deputado estadual em Illinois, cargo que ocupou de 1996 a 2004, quando se candidatou ao Senado. Depois de derrotar Blair Hull nas primárias democratas e o republicano Jack Ryan nas eleições gerais - com mais de 70% dos votos - , Obama se tornou o terceiro senador negro da história dos Estados Unidos. No Senado, mostrou-se um legislador habilidoso e capaz de trabalhar com os membros dos dois partidos mantendo firme seu perfil de liberal moderado.
Batizado por alguns como "a grande esperança branca", por encarnar o sonho de reconciliação num país com profundas divisões raciais, o senador ganhou relevância no panorama político americano durante a convenção nacional do Partido Democrata em Boston, em 2004.
"Não existem Estados Unidos negros e Estados Unidos brancos, Estados Unidos latinos e Estados Unidos asiáticos. Somos um único povo, todos jurando fidelidade à bandeira estrelada, todos defendendo os Estados Unidos da América", exclamou então, arrancando aplausos da multidão.
Ajudado por um carisma irresistível e um enorme sorriso, Obama ganhou uma popularidade digna de uma estrela do rock. Seus dois livros autobiográficos, "The Audacity of Hope" ("A audácia da esperança") e "Dreams from my father" ("Sonhos do meu pai") se transformaram em best-sellers nos EUA e em vários países do mundo, inclusive no Brasil. Obama mora em Chicago com a mulher, Michaelle, e as filhas Malia, 10 anos, e Sasha, 7 anos.

Posições políticas
Obama baseou sua campanha à presidência dos EUA no "voto que ele não deu". Todos os seus rivais que estavam no Senado em 2002 votaram a favor da resolução que autorizava o presidente Bush a usar a força no Iraque. Na época, ele ainda era deputado, mas disse que, se estivesse no Congresso, teria votado contra."A invasão irracional do Iraque vai despertar os piores impulsos no mundo árabe e fortalecer a Al-Qaeda. Não me oponho a todas as guerras, somente às guerras burras", disse em 2002, na Assembléia Legislativa de Illinois. Ele defende a retirada gradual das tropas do Iraque e, quando já era senador, votou contra o aumento de tropas proposto por Bush.Em seu plano de governo, o democrata afirma que vai mudar a política atual dos EUA sobre os problemas climáticos e instituir um "mercado de carbono" para reduzir as emissões dos EUA em 80% até 2050. Além disso, defende combustíveis alternativos e limitação de emissões em automóveis.Carismático, Obama é tratado como "estrela do rock" por onde passa / Getty

Imagens

Bush telefonou ao novo presidente para parabenizá-lo

Obama é mais cauteloso em suas posições liberais quando o assunto é imigração. Ele votou a favor da cerca que protege a fronteira americana com o México e apoiou o aumento de verbas para fiscalizar os imigrantes ilegais proposto por Bush.
Em questões morais e de saúde pública, Obama se mostra a favor do direito da mulher abortar e não se opõe a união civil entre homossexuais. Ele também pretende universalizar o serviço de assistência médica dos Estados Unidos.

Frases
"Cooperação entre nações não é uma escolha. É o único caminho. O caminho para garantir a segurança do nosso povo. Por isso, o maior perigo de todos é deixar que novos muros cresçam entre nós" -- 24 de julho de 2008, em discurso para mais de 200 mil pessoas em Berlim"América, este é nosso momento. Este é o nosso tempo. Nosso tempo de virar a página das políticas do passado. Nosso tempo de trazer nova energia e novas idéias para os desafios que enfrentamos. Nossa página de oferecer uma nova direção a esse país que amamos" -- 3 de junho de 2008, no discurso que comemorava a vitória nas primárias democratas
"Sou filho de um homem negro do Quênia e de uma mulher branca do Kansas. (...) Trata-se de uma história que não fez de mim o mais convencional dos candidatos. Mas ela tornou parte de minha composição genética a idéia de que este país é mais que a soma de suas partes --a idéia de que, múltiplos, sejamos um só" -- 19 de março de 2008, em discurso sobre raça
"Chegou a hora de trazer as tropas para casa. Chegou o momento de admitir que não há quantidade de vidas americanas capaz de resolver o desacordo político que jaz no fundo da guerra civil de outro país" -- fevereiro de 2007, ao anunciar em Illinois que iria se candidatar à presidência."Não existem Estados Unidos negros e Estados Unidos brancos, Estados Unidos latinos e Estados Unidos asiáticos. Somos um único povo, todos jurando fidelidade à bandeira estrelada, todos defendendo os Estados Unidos da América" -- agosto de 2004, na Convenção Democrata que oficializou a candidatura
fonte: http://veja.abril.com.br/index.shtml

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