quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Desemprego ameaça 2009 do brasileiro

Crise nas montadoras americanas começa a respingar no Brasil
O fundo do poço parece nunca chegar para as grandes montadoras americanas. Ontem, a General Motors e a Chrysler anunciaram mais demissões em suas fábricas nos Estados Unidos, com o objetivo de reduzir ainda mais os seus custos. Nesta semana, a Ford já havia passado por um grande baque: o bilionário Kirk Kerkorian simplesmente desistiu de seus investimentos na empresa, vendendo, com prejuízo de mais de 60%, as ações compradas havia apenas seis meses. As três empresas atravessam uma crise sem precedentes. Muito endividadas, com prejuízos constantes (e bilionários) nos balanços e enfrentando quedas gigantescas nas vendas no mercado americano, as companhias ainda têm de lidar, agora, com a escassez do crédito, provocada pela crise financeira global. Para piorar, um pacote de ajuda de US$ 25 bilhões prometido pelo governo americano pode demorar, segundo fontes, até um ano para ser liberado. Para tentar melhorar a situação, a GM resolveu apelar novamente para demissões - embora sem especificar o número -, mesmo depois que um número de trabalhadores maior do que o esperado aceitou os pacotes de demissão voluntária oferecidos pela empresa. A GM pretendia inicialmente reduzir sua força de trabalho em 15%, ou 5 mil funcionários. Mas esse número agora vai subir. Já a Chrysler vai demitir 1.825 empregados. As duas empresas, segundo notícias que vêm sendo veiculadas há vários dias, estão no meio de um processo de negociações, que poderá ter como resultado a fusão das operações.No caso da GM, além das demissões, a empresa também informou que vai reduzir os benefícios de seus empregados, incluindo a eliminação do pagamento de alguns planos de previdência e mudanças em outros planos de aposentadoria, de acordo com uma carta enviada aos funcionários, assinada pelo executivo-chefe da montadora, Rick Wagoner, e pelo diretor-operacional, Fritz Henderson.“A crise de crédito global teve um impacto dramático sobre a indústria. Com isso, os mercados de veículos novos na América do Norte e na Europa Ocidental se contraíram severamente”, diz a carta. “A perspectiva para a economia global permanece muito preocupante.” A montadora informou que as demissões acontecerão entre o fim deste ano e o início de 2009.A GM vem tomando ainda outras medidas para tentar sair da situação em que se encontra. Vem tentando encontrar, por exemplo, um comprador para a sua marca Hummer, que se tornou o símbolo máximo dos carros que consomem grande quantidade de combustível. Nesta semana, a empresa anunciou também que estuda a venda da ACDelco, sua unidade de produção de partes e acessórios para automóveis.A Chrysler, por sua vez, anunciou que vai eliminar um turno na fábrica de Toledo e antecipar para 31 de dezembro o fechamento da unidade de Newark, previsto anteriormente para o fim de 2009, após os prejuízos da empresa terem crescido para cerca de US$ 1 bilhão no primeiro semestre deste ano. Os 1.825 trabalhadores que serão dispensados devem receber pacotes de aposentadoria antecipada e de compra de ações da empresa.A situação atual da Chrysler tem gerado rumores de que seu controlador, o fundo de private equity norte-americano Cerberus Capital Management, vai vender partes ou toda a montadora. Especulações dão conta de que o Cerberus está entrando em contato com possíveis compradores, entre eles a própria GM. Na noite de quarta-feira, o presidente da Chrysler, Jim Press, negou os rumores sobre uma potencial fusão de sua empresa com a GM, dizendo acreditar que existe “muita especulação, mas nenhuma fato concreto”.

Paraná já enfrenta demissões
Cerca de 5.000 postos de trabalho deverão ser atingidos, caso os efeitos da crise não sejam revertidos. A informação é do presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Paraná, Roberto Karam.De acordo com o presidente do sindicato, as empresas do setor automotivo não estão recebendo pedidos novos. Ele disse que a estimativa é que o nível de produção no segundo semestre de 2008 seja 25% menor do que o registrado no primeiro semestre deste ano. O Paraná reúne o segundo maior pólo automotivo do país, atrás de São Paulo.Os problemas estão ocorrendo por causa da falta de crédito, que atinge o consumo. "Os bancos não estão emprestando dinheiro porque não sabem se vão receber. É preciso que eles voltem a financiar crédito com juros menores e prazos maiores. Se voltarem essas facilidades, podemos tentar reverter a situação", disse Karam.A assessoria do Sinfavea, que representa as montadoras, disse que não faria comentários sobre o prognóstico do Sindimetal do Paraná. "A avaliação é dele [Karam]. No nosso setor, há férias coletivas, e não demissões", disse.
RENAULT DÁ FÉRIAS COLETIVAS EM DEZEMBRO NO PR
A unidade de São José dos Pinhais (PR) terá férias coletivas. Os três turnos de produção, no qual atuam cerca de 2.700 operários, terão folga entre 1º de dezembro e 5 de janeiro, segundo o sindicato da categoria. As férias são reflexo da crise global e de ajustes no banco de horas da empresa, disse Robson Jamaica, coordenador da delegação sindical da Renault.

GM e Ford decidem ampliar férias coletivas de funcionários
A GM e a Ford voltaram a anunciar férias coletivas para funcionários de suas fábricas. Mais uma vez, a decisão das montadoras está relacionada à queda das vendas provocada pela redução do crédito para financiamento de veículos, reflexo da crise financeira. Segundo a GM, a nova paralisação vai atingir um dos dois turnos de produção dos veículos S-10 e Blazer, em São José dos Campos (91 km de São Paulo). Os cerca de 400 funcionários do setor ficarão parados entre 1º e 23 de dezembro, mas voltam ao trabalho apenas em 5 de janeiro devido a folgas já compensadas durante o ano. Essa é a terceira vez que a GM anuncia férias coletivas em pouco mais de um mês. O primeiro período de paralisação ocorreu entre os dias 20 de outubro e 2 deste mês. Outros dois já estão programados para começar nos dias 17 e 24 deste mês, respectivamente. No total, as férias coletivas vão atingir cerca de 4.500 funcionários de São José. E a montadora já havia anunciado também paralisações de produção em outras três fábricas: São Caetano do Sul, Mogi das Cruzes (SP) e Gravataí (RS). Segundo a assessoria da GM, as medidas visam ajustar a produção e reduzir os estoques nas fábricas e nas concessionárias. Menos de duas semanas após antecipar as férias coletivas dos seus 8.800 funcionários que trabalham em Camaçari (região metropolitana de Salvador), a Ford ampliou o prazo de inatividade da empresa, que tem capacidade para produzir 250 mil carros por ano. Inicialmente, as férias dos trabalhadores estavam programadas para 24 de dezembro a 2 de janeiro. No começo deste mês, com o agravamento da crise econômica, os funcionários foram avisados de que o recesso começaria em 10 de dezembro (turno da noite) ou 11 de dezembro (turnos da manhã e tarde) e que eles somente retornariam às atividades em 5 de janeiro do próximo ano. Ontem, nova decisão foi confirmada. Quem trabalha à noite terá férias coletivas de 3 de dezembro a 2 de janeiro; os funcionários dos turnos matutino e vespertino estarão com as atividades interrompidas entre 4 de dezembro e 2 de janeiro. Na fábrica de Taubaté (SP), os empregados da linha de transmissões terão as férias coletivas ampliadas a partir de 15 de dezembro, uma semana antes da previsão estabelecida pela montadora. A Ford já havia anunciado férias coletivas para funcionários da fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Volkswagen e Fiat também já anunciaram paralisações em suas fábricas no Brasil. Para o ex-presidente da Ford no Brasil e diretor do CEA (Centro de Estudos Automotivos), Luiz Carlos Mello, a indústria brasileira ainda vive um bom momento e as vendas vão voltar a crescer nos próximos meses. "As pessoas não estão parando de comprar definitivamente. É como se elas parassem para sentir o movimento que está se processando para então executar algo que já estavam decididas a fazer, que é comprar um carro."

Volvo vai demitir mais de 2.000 funcionários

Mais de 2.000 funcionários serão demitidos da Volvo até o final deste ano em todo o mundo. A medida faz parte de um pacote de redução de custos. Na sede, em Gotemburgo, cerca de 1.200 pessoas vão perder o emprego. Na Volvo Car Suécia, 45 empregados serão dispensados e na Volvo Cars de componentes, em Olfstrom, mais 50 pessoas vão ficar sem trabalho. A empresa sueca vai demitir também mais de 300 funcionários em outros países. Até ao final do ano todos os funcionários da lista de corte serão avisados, mas até lá algumas negociações podem acontecer para ajudar a encontrar alternativas de emprego para os cerca de dois mil trabalhadores dispensados. Algumas informações dão conta que outra alternativa para tirar a marca da crise será a venda, como aconteceu com Land Rover e Jaguar, que estão agora sob domínio da indiana Tata. A compradora agora seria uma empresa chinesa, mas ninguém confirma se a venda será concretizada.

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