quarta-feira, 16 de julho de 2008

Crise no Irã: rastílio de pólvora no Oriente Médio

Entenda a crise nuclear com o Irã
Confira a lista de perguntas da BBC que explica a crise nuclear envolvendo Teerã.

O Irã continua desafiando uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que prevê a interrupção de seu programa nuclear. Em março, a ONU aprovou um terceiro pacote de sanções contra o Irã devido à recusa do país em suspender suas atividades de enriquecimento de urânio.
Em junho a comunidade internacional ofereceu um pacote que inclui incentivos econômicos ao Irã em troca de garantias de que o país não irá fabricar armas nucleares, mas o país islâmico rejeitou a oferta e disse que não mudaria sua posição em relação a seu programa nuclear.
Em meio à tensão, Israel realizou exercícios militares no que foi considerado pelo Irã como um ensaio para um possível ataque contra suas instalações nucleares. O governo da república islâmica reagiu, testando mísseis de longo alcance com capacidade de atingir Israel. Na crise, podem ser arrastados para uma guerra arrasadora nações como Síria, Arábia, Egito, Jordânia e, especialmente, EUA... Enfim, um cenário semelhante à esse marcou os meses anteriores à eclosão da 1ª grande guerra, há quase 1 século atrás...A BBC preparou uma lista de perguntas que explicam a crise nuclear envolvendo o Irã.

Por que o Irã está desafiando o Conselho de Segurança?
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, diz que o uso da tecnologia nuclear para fins pacíficos é um direito do povo iraniano.
Segundo o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), um país tem o direito de enriquecer seu próprio combustível para geração de energia nuclear com fins civis, sob a inspeção da AIEA.
O Irã afirma que está fazendo o que é permitido. O país afirma que precisa de energia nuclear e quer controlar todo o processo sozinho. O Irã alega que não vai usar a tecnologia para fabricar uma bomba nuclear.

Por que o Ocidente está tão preocupado?
As potências do Ocidente temem que o Irã, sigilosamente, tente desenvolver uma bomba nuclear ou a capacidade de fazer uma bomba, mesmo se não tiver decidido fazer a bomba agora. Por isso, elas querem que o Irã acabe com qualquer enriquecimento. Esses países dizem que não é possível confiar no Irã. O Irã admitiu ter recebido um documento no mercado negro sobre a construção de um dispositivo nuclear preparado pelo cientista paquistanês A. Q. Khan. Isso aumentou as preocupações. O Irã diz que recebeu o documento sem ter pedido.
Além disso, as potências ocidentais avaliam que permitir que o Irã continue a enriquecer urânio seria abrir um precedente.

Quais foram as últimas sanções impostas ao Irã?
Em março de 2008, a ONU impôs uma última rodada de sanções, que incluem a proibição de viagens internacionais para cinco autoridades iranianas e o congelamento de ativos financeiros no exterior de 13 companhias e de 13 autoridades iranianas.
A resolução também impede a venda para o Irã dos chamados itens de "uso duplo" - que podem ter tanto objetivos pacíficos como militares.
Em 10 de junho deste ano os Estados Unidos e União Européia anunciaram que estariam dispostos a reforçar as sanções com medidas adicionais.
Treze dias depois, a EU concordou em congelar bens do maior banco iraniano, Bank Melli e estender a proibição de vistos para iranianos envolvidos no desenvolvimento do programa nuclear.
Ainda em junho, o representante da União Européia para política externa, Javier Solana apresentou, em nome de China, UE, Rússia e Estados Unidos um pacote de incentivos econômicos ao Irã em troca de garantias de que o país não irá fabricar armas nucleares.
Um porta-voz do governo respondeu que a posição do país sobre seus direitos de desenvolver seu programa nuclear permaneceria a mesma.

Por que a tensão aumentou nos últimos dias?
Em meio à tensão, Israel realizou exercícios militares o que foi considerado pelo Irã como um ensaio para um possível ataque contra as instalações nucleares iranianas.
O governo da República islâmica reagiu, testando mísseis de longo alcance com capacidade de atingir Israel.

O Irã diz que tem permissão para enriquecer combustíveis. Então, por que a crise?
O Irã tem permissão para desenvolver um ciclo de combustível para energia nuclear, sob inspeção da AIEA.
No entanto, como escondeu o seu programa de enriquecimento antes, há agora uma dúvida sobre o risco de que isso volte a ocorrer. Em tese, o Irã poderia aprender como fazer combustível para energia nuclear, enriquecê-lo ainda mais para uma bomba e deixar o TNP.

O Irã pode abandonar o TNP?
Sim. O artigo 10º dá aos Estados-membros o direito de declarar que "eventos extraordinários colocaram em risco os interesses supremos do Estado". Um país pode, a partir disso, dar um aviso de que em três meses abandonará o tratado.

Por que o Irã quer enriquecer urânio?
O urânio enriquecido fornece combustível para uma usina de energia nuclear. O Irã diz que precisa ser capaz de desenvolver esse processo de enriquecimento, sob inspeção, porque não pode confiar em fornecedores estrangeiros. O país diz que esses fornecedores poderiam estar sujeitos à influência americana.
Apesar de suas grandes reservas de gás e petróleo, o Irã diz que quer diversificar suas fontes de energia. O país argumenta que seu programa nuclear original começou há décadas.

O Irã pretende fazer armas nucleares?
O Irã diz que sua política é de dizer "sim" ao enriquecimento e "não" às armas nucleares. Os céticos argumentam que o Irã não tem necessidade de fazer seu próprio combustível nuclear, que pode ser fornecido por outros e, portanto, deve estar pretendendo fazer uma bomba.
Outra possibilidade é que o Irã queira desenvolver a capacidade, mas deixar para o futuro a decisão de realmente fazer uma arma nuclear.

Quanto tempo seria necessário para o Irã construir uma bomba?
Uma estimativa do Instituto Internacional para Estudos Estratégicos de Londres (IISS, na sigla em inglês), feita em 2007, diz: "se e quando o Irã tiver três mil centrífugas operando normalmente, o IISS estima que seriam necessários mais nove a 11 meses para produzir 25 quilogramas de urânio altamente enriquecido, o suficiente para uma arma do tipo de implosão. Este dia ainda está dois ou três anos longe, no mínimo".
O Irã instalou, inicialmente, 164 centrífugas, mas - segundo o especialista Mark Fitzpatrick, do IISS - o país tem tido problemas para conseguir fazê-las funcionar.

Israel não tem uma bomba atômica?
Sim. Israel, no entanto, não é membro do TNP e, portanto, não teria obrigação de obedecê-lo. Assim como Índia e Paquistão, que também desenvolveram armas nucleares.

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