Quais as chances de John McCain chegar à presidência da república dos EUA? É verdade, como muitos vêm dizendo, que os democratas têm uma crise interna com a qual lidar. Mas esta ainda é uma eleição muito – muito difícil mesmo – para John McCain. Para entender por que é preciso, antes, compreender como McCain chegou à candidatura republicana. Não foi com o típico voto republicano. Estado por estado, quando muito, McCain empatava com outros candidatos de seu partido entre os eleitores que são favoráveis a George W. Bush. Mitt Romney e Mike Huckabee, cada um em sua área, atraíam mais votos pró-Bush e pró-Guerra. McCain jamais fez segredo de que acredita que deve manter as forças armadas no Iraque. Como diz seu biógrafo, Matt Welch, ele tem uma visão imperialista do papel dos EUA no mundo. Ainda assim, o naco do eleitorado que o levou à vitória são os eleitores anti-Bush e anti-Guerra – um grupo no qual ganhou sempre de 2 para 1. Não custa lembrar 70% dos eleitores norte-americanos são contra a guerra no Iraque. Também não custa lembrar que, nos estados em que a trupe anti-guerra é minoria, McCain perdeu. Por que John McCain recebeu este tipo de voto? Por conta da memória da campanha de 2000. Naquele ano, ele foi o principal adversário de George W. Bush pela candidatura à presidência do Partido Republicano. McCain representa, para este tipo de eleitor, tudo o que Bush não foi. Mas há um limite para a manutenção desta imagem.
Enquanto o Partido Democrata luta para conseguir definir seu candidato, o que faz John McCain? Vai à Casa Branca ser recebido por George W. Bush. Vai ao sul aceitar o apoio de líderes religiosos e grupos ultra-conservadores. E, agora, prepara uma viagem ao Iraque. Quer coletar imagens com ar presidencial no cenário de guerra. É possível argumentar com justiça que, sem o voto do típico eleitor de Bush, ele não terá chances de vitória. Mas a estratégia que adotou para alcançar este voto aliena justamente os eleitores que tem neste momento. Mais que isso: vai contra os desejos da maioria dos norte-americanos. A divisão interna do Partido Democrata favorece em muito a situação de John McCain. Sua estratégia de campanha, não. Se é para fazer uma aposta, o próximo presidente norte-americano será um democrata E - REVOLUÇÃO - negro. E viva a democraCIA.
Pesquisa do instituto Gallup aponta que 23% dos eleitores norte-americanos dizem que a idade do provável candidato republicano John McCain seria um problema caso ele se tornasse presidente dos EUA. Apenas 8% dos entrevistados apontam que a etnia do seu rival democrata Barack Obama pode ser um desafio para sua possível Presidência. McCain, 71, que se eleito será o homem mais velho a assumir o cargo em primeiro mandato, tem na idade um dos maiores desafios de sua candidatura. Embora dedique-se a mostrar uma imagem de experiência e responsabilidade, muitos eleitores ainda o vêem como alguém velho --conceito que a equipe democrata deve ressaltar na reta final da campanha presidencial. Apenas 11% dos eleitores entrevistados apontam que a idade do senador veterano o tornariam um presidente melhor para os EUA. Contudo, o cenário mostra-se mais positivo quando se avalia que a grande maioria (65%) ainda aponta que a idade não faz diferença alguma em suas credenciais políticas. Destes 23% que vêem a idade de McCain como um problema, 37% são eleitores identificados com Obama. Do outro lado, 19% dos eleitores republicanos apontam seus 71 anos seriam uma vantagem para o cargo, enquanto 8% indicam que seria uma desvantagem. Estes resultados foram estimados a partir de duas questões incluídas na mais recente pesquisa de opinião conjunta Gallup/"USA Today". No caso do democrata Obama, o cenário se mostrou muito mais positivo, com 82% dos eleitores indicando que sua etnia --um assunto que apareceu várias vezes em sua campanha presidencial-- não fará diferença caso ele seja o próximo presidente dos EUA. Os outros eleitores dividem-se entre os dois extremos, 9% dizem que a etnia de Obama --que se eleito será o primeiro presidente negro do país-- pode ser uma vantagem em seu trabalho na Casa Branca e outros 8% dizem que pode prejudicá-lo. No caso do senador por Illinois, a mesma porcentagem --82%-- de eleitores democratas e republicanos apontam que não fará nenhuma diferença o fato de Obama ser negro. Mais importante, apenas 14% dos eleitores do partido rival tem uma visão negativa sobre o impacto da etnia de Obama em seu trabalho como presidente --comparados aos 37% dos democratas que vêem a idade de McCain como um problema.
Um dos lemas de campanha de Obama é justamente transcender a questão racial. Diante de várias controvérsias sobre o assunto --criadas principalmente com as declarações polêmicas de seu ex-reverendo Jeremiah Wright sobre o racismo nos EUA--, Obama fez um grande discurso sobre a questão. Entre os independentes, um grupo que não se identifica com nenhum dos partidos e que é visto como crucial para as eleições deste ano, os números ficam na média daqueles dos eleitores democratas e republicanos. No caso de McCain, 66% não vêem nenhum problema na idade do republicano. Outros 25% apontam que esta característica o torna menos capaz de ocupar o cargo e outros 9% dizem que seria uma vantagem. No caso de Obama, 84% dos eleitores independentes apontam que sua etnia não afetaria em nada seu governo. Outros 7% vêem como um problema e 8% apontam como uma vantagem para sua administração.
Negros e idosos : As porcentagens também não mudam significativamente quando se divide os entrevistados entre pessoas mais velhas e negros. Entre os eleitores com 65 anos ou mais, 21% (apenas dois pontos abaixo da média) vêem a idade de McCain como um problema para sua possível Presidência. Outros 14% indicam que seria uma vantagem e a grande maioria, 64%, diz que não faz nenhuma diferença. As mesmas porcentagens, com diferenças pouco significativas, aparecem quando se avalia o grupo de eleitores com idades entre 18 e 29 anos. Entre os eleitores negros e brancos, o cenário também não se altera profundamente quando questionados se a etnia de Obama pode influenciar o seu governo. Segundo a sondagem, 80% dos eleitores negros apontam que o fator não influenciaria o governo Obama. Outros 5% apontam que seria um problema para o senador por Illinois. A maior diferença está entre aqueles que vêem na etnia de Obama uma vantagem. Entre os negros, a porcentagem chega a 14%, uma margem de sete pontos percentuais sobre a opinião dos eleitores brancos. A pesquisa que deu origem a estes dados foi realizada entre 15 e 19 de junho e ouviu 1,625 eleitores. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u421066.shtml
sexta-feira, 11 de julho de 2008
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