terça-feira, 8 de julho de 2008

Ingrid libertada, vitória da democracia

Íngrid Betancourt Pulecio (Bogotá, 25 de Dezembro de 1961) é uma senadora e activista anticorrupção franco-colombiana. Foi raptada pelo grupo guerrilheiro (que usa métodos considerados terroristas como, por exemplo, o sequestro) FARC em 23 de Fevereiro de 2002 enquanto fazia campanha para as eleições presidenciais. Betancourt permaneceu cativa até o dia 2 de Julho de 2008, quando o ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, anunciou a sua libertação juntamente com outros catorze reféns.Filha de um ex-senador e ex-embaixador colombiano com uma ex-miss Colômbia, Gabriel Betancourt e Yolanda Pulecio, viveu boa parte de sua juventude em Paris, onde o pai servia como embaixador da Colômbia junto à UNESCO. Estudou Ciências Políticas no Instituto de Estudos Políticos de Paris. Seu ambiente familiar propiciou-lhe o convívio com o poeta Pablo Neruda, o escritor Gabriel García Márquez e o pintor Fernando Botero. Teve dois filhos de seu primeiro casamento na França.Após o assassinato de Luis Carlos Galán, (ex-candidato a presidência) com uma plataforma política anti-drogas, Íngrid decidira retornar à Colômbia (1989). Em 1990 ela trabalhou no Ministério das Finanças da Colômbia, posteriormente abandonou, para entrar na política. Na sua primeira campanha, Íngrid distribuíra preservativos que representavam como ela mesmo dizia: "um preservativo contra a corrupção". Combatia o tráfico de drogas e militava na causa ambiental.Íngrid concorrera ao cargo de senadora na eleição de 1998 - a quantidade de votos que recebera fora a maior entre todos os candidatos ao senado daquela eleição. Durante seu mandato recebera ameaças de morte por uma organização militar desconhecida, forçando-a a enviar seus filhos para Nova Zelândia.Na eleição presidencial seguinte, Íngrid concedera apoio a Andrés Pastrana em troca de concessões de seu interesse. Porém, após sua eleição ela reivindicara o não cumprimento das promessas por Andrés a ela feitas.Após a eleição de 1998 Íngrid escrevera um livro, uma memória. Em princípio, seu livro não fora publicado na Colômbia , pois continha revelações polêmicas, além de críticas e acusações contra o antigo presidente Samper e outros, por isso fora publicado inicialmente na França com o título: "La Rage au Coeur" (Raiva no coração).Seqüestrada em 2002, permaneceu em poder das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) até 2 de Julho de 2008, quando foi resgatada numa operação do exército colombiano.Em 2 de Julho de 2008, às 15h 16m (hora da Colômbia), o ministro da Defesa do país, Juan Manuel Santos, anunciou a libertação no sul do país, pelo exército colombiano, de quinze reféns, entre os quais Íngrid Betancourt, três cidadãos dos Estados Unidos e onze agentes policiais e militares colombianos, alguns dos quais eram reféns das FARC havia mais de dez anos. Íngrid Betancourt estava sequestrada havia 2323 dias. Este resgate ocorreu através da infiltração do exército no comando das FARC que tinha os reféns em seu poder, conseguindo convencer os sequestradores a reunir num só grupo os reféns. O resgate foi feito por helicóptero, sob o pretexto de levar os reféns para uma inspecção humanitária.
A operação foi a conclusão de uma vasta preparação de infiltração no mais alto nível das FARC. Os reféns só souberam que estavam a caminho da liberdade no helicóptero, pois toda a operação decorreu sem um único tiro e sem qualquer violência.

Cronologia do seqüestro de Ingrid Betancourt
Ex-refém franco-colombiana ficou seis anos em poder das Farc na selva colombiana

- 2002: Ingrid Betancourt lança candidatura à presidência da Colômbia

- 23/2/2002: Ingrid Betancourt é seqüestrada pelas Farc. Clara Rojas, sua assessora de campanha, também é levada pela guerrilha

- 26/2/2002: Presidente venezuelano, Hugo Chávez, afirma que está "fazendo contatos" para conseguir a libertação de Ingrid.

- 24/7/2002: Primeira prova de vida de Ingrid é divulgada. No vídeo, ela culpa o governo do presidente Andrés Pastrana por seu seqüestro e exorta o futuro governo a insistir em uma saída negociada para o conflito armado.

- 7/8/2002: Álvaro Uribe toma posse como presidente da Colômbia.

- 5/5/2003: Tentativa de resgate militar acaba com a morte do governador de Antioquia, Guillermo Gaviria, do ex-ministro da Defesa Gilberto Echeverry e de outros oito militares - todos assassinados pelos rebeldes.

- 9/7/2003: Avião francês pousa em Manaus. Entre tripulantes estariam agentes do serviço secreto francês que participaram da tentativa sigilosa de resgatar Ingrid. A missão não só fracassou, como também arranhou as relações da França com a Colômbia e o Brasil, que não foram informados da missão.

- 29/9/2003: Farc divulgam vídeo no qual Ingrid pede ao governo uma operação militar de resgate.

- 18/8/2004: Uribe oferece libertar 50 rebeldes em troca de igual número de reféns em poder das Farc.

- 2006: Jornalista Jorge Enrique Botero revela em livro que Clara Rojas teve um filho no cativeiro.

- 27/9/2006: Uribe diz aceitar desmilitarizar uma área de 850 quilômetros quadrados no sudoeste do país para negociar um acordo humanitário com as Farc.

- 20/10/2006: Depois de atentado em Bogotá deixar 23 feridos, Uribe desiste de negociar com as Farc e ordena ao Exército que intensifique operações para resgatar reféns.

- 31/12/2006: Ex-ministro Fernando Araujo é o primeiro refém a escapar do cativeiro depois de seis anos seqüestrado.

- 14/1/2007: Ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, afirma que Ingrid está "viva e bem."

- 16/5/2007: Policial John Frank Pinchao, refém há nove anos, escapa e revela que Ingrid tentou fugir cinco vezes.

- 4/6/2007: Uribe aceita pedido de presidente francês, Nicolas Sarkozy, e liberta o "chanceler" das Farc, Rodrigo Granda.

- 28/6/2007: Farc anunciam morte de 11 dos 12 deputados estaduais, reféns há cinco anos.

- 15/8/2007: Uribe nomeia a senadora Piedad Córdoba como mediadora.

- 26/8/2007: Farc aceitam Chávez como mediador do acordo humanitário.

- 20/11/2007: Em reunião com Sarkozy, Chávez afirma que Farc prometeram entregar em 40 dias prova de que Ingrid está viva.

- 22/11/2007: Colômbia põe fim à mediação de Chávez, acusando-o de imiscuir-se em assuntos internos.

- 30/11/2007: Bogotá apresenta novas provas de vida de reféns, entre elas de Ingrid. As imagens de prova de vida comoveram o mundo e levaram o presidente da França, Nicolas Sarkozy, a pedir que as Farc libertem Betancourt.

- 10/1/2008: Farc libertam duas reféns, entre elas Clara Rojas.

- 27/2/2008: Guerrilha liberta mais quatro reféns; um deles, o ex-deputado Luis Eládio Pérez, diz que estado de saúde de Ingrid é crítico.

-01/03/2007: Raúl Reyes, o segundo homem da guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), morreu em território equatoriano durante um ataque aéreo lançado pelas forças militares colombianas, afirmou neste sábado o ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos. "Em uma operação conjunta das Forças Militares e da polícia nacional foi morto Raúl Reyes, membro do secretariado das Farc, e é o golpe mais duro já dado a esse grupo terrorista até o momento", disse Santos em uma entrevista coletiva. O ministro disse que o acampamento onde estava Reyes "estava localizado no lado equatoriano, a 1,8 km da fronteira".

- 04/03/2008: A crise diplomática entre o Equador, Colômbia e Venezuela teve início após um ataque do governo colombiano contra as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) ocorrido no último sábado (1º) dentro de território equatoriano. No ataque morreu Raúl Reyes, um dos principais líderes das Farc, considerado o "número dois" da guerrilha. Ao menos outros 16 guerrilheiros também morreram na ação colombiana. O governo de Quito afirma que, no total, seriam 22 mortos. No dia seguinte (2), o presidente venezuelano, Hugo Chávez, aliado do presidente equatoriano Rafael Correa, ordenou o fechamento da embaixada da Venezuela na Colômbia e a mobilização de "dez batalhões" militares na fronteira entre os dois países. Quito também retirou seu embaixador em Bogotá. Logo depois, ainda no domingo, Correa anunciou a "expulsão imediata" do embaixador da Colômbia em Quito e solicitou uma reunião urgente da OEA (Organização dos Estados Americanos) e da CAN (Comunidade Andina de Nações) para tratar do ataque colombiano ao território equatoriano. Correa disse que tinha ordenado a "mobilização de tropas" na fronteira com a Colômbia e exigiu do governo colombiano não só desculpas, mas "compromissos firmes de respeito ao Equador". Logo em seguida, o governo da Colômbia afirmou ter encontrado informações sobre supostas ligações do governo equatoriano com as Farc em computadores que pertenciam ao guerrilheiro Raúl Reyes, morto na operação militar de sábado. A informação foi imediatamente desmentida por Quito. Na segunda-feira (3), líderes e governantes de todo o mundo se manifestaram sobre a crise. A Venezuela ordenou a "expulsão imediata" do embaixador da Colômbia e do corpo diplomático da embaixada colombiana em Caracas. As decisões de Caracas e Quito de romper relações diplomáticas com a Colômbia foram adotadas depois que Bogotá revelou a suposta existência de acordos das Farc com os governos de Equador e Venezuela. Bogotá informou que as revelações serão apresentadas à OEA. Depois de denunciar a suposta ligação do Equador com as Farc, o governo colombiano anunciou que pediria à OEA que investigue uma suposta doação de US$ 300 milhões (cerca de R$ 504 milhões) que o governo da Venezuela teria feito às Farc, assim como um fornecimento de armas. Na terça-feira (4), a Colômbia denunciou a intenção das Farc de obter material radioativo para a fabricação de uma "bomba suja" --artefato explosivo convencional misturado com componentes nucleares (ou ainda químicos ou biológicos). As informações estariam em dois computadores de Reyes apreendidos no fim de semana. Pouco depois da nova denúncia colombiana, a Venezuela anunciou o fechamento de suas fronteiras com a Colômbia. Na sexta-feira (7), o presidente equatoriano, Rafael Correa, aceitou as desculpas de seu colega colombiano, Álvaro Uribe, e com um aperto de mãos deram por encerrado o conflito diplomático que envolveu também os presidentes da Venezuela, Hugo Chavez e da Nicarágua, Daniel Ortega. A paz foi selada na Cúpula do Grupo do Rio, em Santo Domingo, capital da República Dominicana.

- 27/3/2008: Defensor público colombiano afirma que Ingrid tem hepatite B e leishmaniose, e foi atendida em posto de saúde no sudoeste do país.

- 30/3/2008: Governo francês disponibiliza avião com equipe médica para atender Ingrid.

- 31/3/2008: Moradores de El Retorno afirmam terem visto Ingrid na zona rural do município no dia 23. Rádio diz que refém precisa de transfusão de sangue com urgência.

- 25/05/2008: O chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Militares da Colômbia, David René Moreno, declarou que o líder e fundador das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Pedro Antonio Marín, conhecido como "Tirofijo" (tiro certeiro, em tradução literal) estaria morto. Moreno leu um comunicado do Ministério da Defesa que afirmava queo líder revolucionário, também conhecido como Manuel Marulanda Vélez, morreu no dia 26 de março, por causas desconhecidas.

- 2/07/2008: Ingrid Betancourt é resgatada com outros 14 reféns. Os seqüestrados foram libertados após uma operação de infiltração na guerrilha na Colômbia. De acordo com o ministro, o Exército capturou os guerrilheiros que faziam um cordão de segurança na área de cativeiro dos seqüestrados. Esses rebeldes teriam convencido os demais a entregar os reféns. Ainda segundo as informações oficiais, o exército não precisou disparar nenhum tiro durante a operação. Ingrid Betancourt estava em poder das Farc havia seis anos. O resgate, que aconteceu no departamento de Guaviare, no sudeste da Colômbia, foi fruto de uma operação de inteligência. Segundo o ministro da Defesa da Colômbia, a operação aconteceu a cerca de 70 quilômetros ao sul de San José del Guaviare, capital do departamento, próximo ao rio Apaporis. Vários guerrilheiros - inclusive um líder das Farc identificado como César - foram presos na operação de um grupo de elite das Forças Armadas colombianas.

Encontro de Ingrid com os filhos




Presidente Alvaro Uribe se encontra com Ingrid Betancourt em Bogotá. A ex-candidata à presidência da Colômbia Ingrid Betancourt, libertada nesta quarta-feira após passar mais de seis anos como refém das Farc, expressou um firme apoio político ao presidente colombiano Alvaro Uribe.

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