quarta-feira, 17 de setembro de 2008

PÂNICO: UMA NOVA GRANDE DEPRESSÃO SE AVIZINHA?

Bush vive um sombrio fim de mandato com turbulências econômicas. Mundo prende a respiração. Fantasma de 1929 volta a rondar o coração do capitalismo.
WASHINGTON (AFP) - A tempestade financeira está tornando muito obscuro o final do mandato do presidente americano, George W. Bush, que há tempos usava como um de seus principais argumentos contra seus críticos a boa saúde da economia americana.A quatro meses de chegar ao fim, a presidência americana vem se deparando com uma incômoda pergunta: será mesmo que a culpa desta crise é minha?A questão vem se impondo com tanta persistência que a resposta se tornou um dos grandes temas para as eleições presidenciais de novembro. Para o candidato democrata, Barack Obama, seu rival republicano John McCain representa quatro anos a mais desta política fracassada, depois dos oito de Bush. Mas McCain promete mudança.McCain e Obama já podem começar a pensar no que encontrarão no dia 20 de janeiro se forem eleitos: mais de 100.000 soldados americanos no Iraque, guerra de mais de sete anos no Afeganistão, o desafio do programa nuclear iraniano e uma aliança enfraquecida com o Paquistão.Além disso, no último trimestre, o governo de Bush viu as relações com a Rússia atravessarem a crise mais grave desde a Guerra Fria. Também viu surgirem dúvidas sobre o fim do programa nuclear da Coréia do Norte, praticamente perdeu a esperança de um acordo de paz entre isralenses e palestinos, e amargou a expulsão de seu embaixador na Bolívia.Quando chegou a hora, há poucos meses, de fazer os primeiros balanços da presidência Bush, o estado no qual o presidente deixaria a economia americana a seu sucessor surgiram diversos questionamentos, e hoje a situação é ainda pior.Há um ano, Bush parecia otimista: "Os dados fundamentais de nossa economia são fortes", disse, reconhecendo que a crise imobiliária semeava confusão.Os Estados Unidos se preocupam com o risco de recessão. O desemprego alcançou o maior nível em cinco anos em agosto.Diante das turbulências financeiras, a candidata republicana à vice-presidência, Sarah Palin, acusou "Washington" de ter dormido no tempo e julgou obsoleta a regulamentação dos mercados."Jogo com as cartas que herdei", defendeu-se o secretário do Tesouro, Henry Paulson."Temos uma estrutura de regulamentação financeira arcaica, que foi colocada em prática há muito tempo, logo após a Grande Depressão de 1929", disse.Obama disse que não considera McCain culpado pelas turbulências financeiras, mas incrimina "a filosofia econômica à qual ele subscreve". "É a mesma filosofia que tivemos durante os últimos oito anos", disse o candidato democrata.

Crise é inédita porque nasceu no coração do sistema financeiro, diz FMI
FolhaNews
O diretor geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, afirmou nesta terça-feira que a crise econômica e financeira atual "não tem precedentes".”Estamos diante de uma crise financeira inédita, porque ela nasceu no coração do sistema, os Estados Unidos, e não de sua periferia, e afetou simultaneamente o mundo inteiro”, disse Strauss-Kahn no Cairo."Algumas partes do mundo estão mais ou menos afetadas, mas a desaceleração é geral", disse, acrescentando que "toda a economia mundial vai desacelerar entre meio ponto e dois pontos percentuais, inclusive na China e na Europa"."O que é novo representa mais perigo do que aquilo que se repete, mas uma das diferenças desta crise com relação à crise de 1929 é que agora dispomos de instrumentos que não nos permitem evitar a crise, mas atenuar as conseqüências e corrigir os efeitos dela, em particular o FMI", afirmou Strauss-Kahn.O chefe do Fundo se mostrou convencido de que "os atores do mercado desaparecerão, em particular nos Estados Unidos, com a possível extinção progressiva" de bancos de investimentos independentes, como Lehman Brothers ou Merrill Lynch."Isto se soma às incertezas e não podemos excluir as tensões financeiras a curto prazo", acrescentou.Para Strauss-Kahn, ao final da crise, o setor financeiro mundial será muito mais reduzido que o atual.ConcordataNessa segunda-feira, o banco de investimentos americano Lehman Brothers recorreu ao "Capítulo 11" da lei de falências dos EUA e pediu concordata, o que lhe permite tentar uma reorganização interna, mas intensifica a crise sofrida pela economia dos Estados Unidos. O sistema financeiro mundial foi abalado com a quebra do banco, o quarto maior do setor nos EUA. O governo americano não repetiu a ação de ajudar as empresas financeiras a evitar a quebra, como fez com as gigantes hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac, que devem receber uma injeção de até US$ 200 bilhões. Sem ajuda do governo, compradores em potencial do Lehman, como o Barclays e o Bank of America, se afastaram do negócio. Além dos problemas do Lehman Brothers, o mercado digere as dificuldades da seguradora AIG (American International Group) e a venda do Merrill Lynch ao Bank of America.O governador do Estado de Nova York, David Paterson, anunciou ontem que deu uma autorização especial à seguradora AIG para que possa ter acesso a US$ 20 bilhões de capital nas mãos de suas filiais e, desse modo, aumentar sua liquidez.

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